Pouco mudou! Desde que o Mato Grosso do Sul foi criado oficialmente – 1977 – a participação da mulher na política local continua mínima. A cota de gênero para candidaturas – instrumento criado para alterar o cenário caótico – até o momento pouco ou nada contribuiu para elevar a média da representatividade feminina no estado, sendo a mesma de menos de duas por legislatura. São 24 assentos na Casa de Leis estadual.
Na década de 80, quando pouco se falava em direito das mulheres (puderem votar e concorrer em 1932) duas mulheres estrearam o plenário da Alems: Marilene Coimbra e Marilu Guimarães. Coimbra, esposa do primeiro prefeito de Campo Grande após a divisão, Albino Coimbra Filho, entrou antes, mas como suplente.
Três atuais deputadas estaduais do MS (Foto: divulgação)
Segundo a Assembleia, foram somente dez as mulheres que tiveram oportunidade de representar seus pares na sociedade nas 12 legislaturas: Marilene Coimbra; Marilu Guimarães; Celina Jallad; Simone Tebet; Bela Barros; Dione Hashioka; Antonieta Amorim; Grazielle Machado e as atuais Lia Nogueira, Mara Caseiro e Gleice Jane. É preciso destacar que a Mara ocupou quatro legislaturas e Dione três.
A mais recente deputada empossada foi Gleice Jane, do PT. No entanto a vaga foi aberta pelo falecimento do colega de partido, Amarildo Cruz, em março de 2023, aos 60 anos.
Marilene foi deputada por dois mandatos (Foto: Reprodução Facebook)
História
Marilene Coimbra tem 75 anos e foi a primeira parlamentar estadual do MS. Diz ter participado e colaborado com a Assembleia Constituinte, que culminou na confecção da Constituição do MS. Ela lembra que sempre se deu bem com os parlamentares homens.
”… não tivemos resistência, nunca senti resistência do homem, eu acho que vem mais da mulher”, respondeu Coimbra, que tem um currículo invejável de empresária, advogada e tradutora juramentada de inglês.
Marilene lembra que a mulher tem várias missões e as dificuldades já vêm por aí.
”Por mais doutora que seja, nunca vai deixar de ser mãe, esposa, dona de casa. São tarefas que o homem não tem e vai tocando a carreira bem. Já a mulher carrega o sentimento de culpa que a casa, o lar e os filhos estão abandonados”, refletiu a ex-deputada.
”O problema não é o universo masculino, mas o complexo da mulher diante do mundo masculino”, completou.
Marilene é contra cotas de gênero e diz que o caminho para mais mulheres na política passa pela observação da própria população no trabalho delas na sociedade.
Cota
A cota de gênero existe desde 1997, mas segundo o TSE, tornou-se obrigatória a partir de 2009. De lá para cá, dizem os números, a situação pouco mudou. Na Assembleia do MS a média é de menos de duas por legislatura.
Celina Jallad, in memmorian, ocupou três legislaturas (Foto: Reprodução ALMS)
Raio X
MS tem sete mulheres prefeitas. É pouco para um total de 79 municípios. Gerolina da Silva Alves foi a primeira gestora mulher de Água Clara; Rhaiza Mattos, em Naviraí; Adriane Lopes (era vice e assumiu após Marquinhos Trad sair para disputar o governo em 2022). Wanda Camilo, em Sidrolândia; Marcela Lopes, em Corguinho; Dra Cleidiane, em Jardim e Ilda Machado em Fátima do Sul.
Vereança
Segundo o TRE-MS, 163 mulheres foram eleitas vereadoras em 2020, em meio a 684 homens, o que representa 19,4% do total. O destaque foi para Coronel Sapucaia, com 4 mulheres no total de nove parlamentares. A única mulher a se tornar parlamentar na Capital do Estado foi Camila Jara (PT), que deixou a Casa de Leis municipal para legislar na Câmara dos Deputados. A também petista Luiza Ribeiro assumiu a vaga dela.