Desde que os preparativos começaram, ainda no primeiro semestre do ano passado, a organização do Rio Open já chamava a 10ª edição de histórica. Agora, passado o torneio e vendo os números alcançados, dá para considerar que se tratou de um evento que fez jus ao adjetivo, tanto dentro como fora do saibro carioca.
Com ingressos esgotados desde o ano passado, o Rio Open 2024 alcançou um público de 65 mil pessoas nos nove dias de evento, que mais uma vez foi disputado no Jockey Club Brasileiro, localizado na zona sul da capital fluminense. O evento movimentou R$ 160 milhões na economia no estado do Rio de Janeiro, entre turismo e geração de empregos, com mais de 5 mil vagas diretas e indiretas.
Dentro de quadra, apesar das quedas precoces das principais estrelas internacionais, como o espanhol Carlos Alcaraz e o suíço Stanislas Wawrinka, o desempenho dos brasileiros foi bastante satisfatório, o que ajudou a torcida a lotar as quadras do complexo. Três representantes do país chegaram às quartas de final nas simples, com direito ao novo “queridinho” da torcida, o jovem João Fonseca, de apenas 17 anos, deixando um “gostinho de quero mais”.
Mas, se nenhum deles conseguiu chegar às semifinais nas simples, isso veio nas duplas. Aliás, isso e muito mais. Ao lado do colombiano Nicolas Barrientos, o gaúcho Rafael Matos chegou não só à semifinal como também à final e ao título, tornando-se o primeiro brasileiro a conquistar o Rio Open em 10 edições do torneio.
“A 10ª edição entrou para a história e consolidou definitivamente o Rio Open como um grande evento do Brasil. O público que compareceu ao complexo do Jockey pôde experimentar grandes emoções. Tivemos o primeiro título de um brasileiro nas duplas, o talento de João Fonseca e promovemos pela primeira vez o torneio Wheelchair, com grandes jogadores de tênis em cadeiras de rodas”, destacou Marcia Casz, diretora do Rio Open.
“Fora das quadras, proporcionamos lazer de qualidade, com gastronomia diversa e de alto padrão, ativações das marcas e um belíssimo espetáculo de drones que iluminou o céu do Rio de Janeiro. Tudo isso com cuidado e zelo pelas pessoas que nos prestigiam. Pela primeira vez, colocamos em prática um projeto de acessibilidade em todo o complexo. Foi uma edição inesquecível, marcada por momentos emocionantes. Agora, entramos em um novo ciclo do Rio Open, com expectativa altíssima”, completou a executiva.
Além do sucesso de público in loco, o Rio Open também vem ganhando cada vez mais força nas transmissões no Brasil e no mundo. Em 2024, foram mais de 53 horas de transmissão ao vivo para mais de 140 países, com mais de 280 jornalistas credenciados que fizeram a cobertura do torneio.
“Histórica. Se eu pudesse resumir em uma palavra a edição de 10 anos do Rio Open, seria essa. Do jeito que imaginávamos, quebrando recordes. É muito gratificante ver que o mundo finalmente entendeu que a energia vinda das arquibancadas do Rio Open não se iguala a nenhum outro lugar do mundo. Os jogadores gostam e se sentem confortáveis em fazer parte de um torneio tão especial quanto esse”, disse Lui Carvalho, diretor do Rio Open e vice-presidente sênior para o segmento de tênis da IMG, em uma entrevista coletiva realizada pouco antes das finais de duplas e simples.
Expansão
Perguntado sobre um possível crescimento do torneio para os próximos anos, o executivo deixou claro que o patamar foi realmente aumentado, mas que é preciso pensar em uma série de fatores para que o Rio Open seja capaz de ser ainda maior do que já é. Atualmente, o evento já é o principal de tênis da América do Sul.
“A gente está estudando, sim, com carinho, como é que a gente pode fazer essa expansão. A gente está dentro de um clube privado, então obviamente que tem limitações, a gente sabe disso, mas o clube é muito parceiro do evento, tanto é que renovou o contrato por mais três anos [o Jockey Club do Rio de Janeiro será sede do Rio Open até pelo menos 2027]. Mas aí vem um pouco de lição de casa, pois a gente não está ainda nessa fase avançada, não existe nenhum plano de como fazer essa expansão, existem apenas algumas ideias que a gente vem discutindo”, afirmou Lui.
“Nosso foco do torneio sempre é a qualidade. A gente não quer focar muito na quantidade e pecar na qualidade. Uma vez que você cresce as arquibancadas, você cresce a quadra central, você precisa também crescer o nível de serviços, com mais banheiros, mais lugar de comida, uma entrada maior, rota de fuga de bombeiro. Existem várias coisas que impactam uma vez que você tem uma quadra maior. Isso é algo que a gente ainda não tem pronto nem tem acordado com o clube para fazer essa expansão”, acrescentou.
Feminino
Outra questão abordada na coletiva foi a possibilidade do Rio de Janeiro voltar a receber um torneio da WTA. Lui disse que é uma ideia que está, sim, no radar, mas que também é preciso resolver uma série de questões para que seja possível colocar em prática.
“A gente acredita muito no produto feminino, principalmente agora com a Bia [Haddad Maia]. A gente está esperando a oportunidade certa para trazer o feminino de volta, mas é importante enfatizar que o evento combine [combinado] no Jockey infelizmente não é possível, a gente não tem quadra suficiente, espaço suficiente. Então, a gente está estudando formas de poder trazer o feminino de volta. Não temos uma timeline [linha do tempo] certa de quando isso vai acontecer, mas tomara que em um futuro bem breve”, revelou o diretor do torneio.
Sustentabilidade
No pilar ambiental, o Rio Open Green concentrou todas as iniciativas que têm como objetivo minimizar o impacto ambiental gerado pelo torneio. Desde 2020, em parceria com a Engie, empresa especializada em energia renovável, o Rio Open passou a ser um evento carbono neutro.
Em 2024, pelo terceiro ano consecutivo, o torneio conseguiu também neutralizar as emissões de CO2 derivadas do deslocamento do público. A neutralização da pegada climática do evento foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) pela contribuição voluntária e responsável com as metas globais de descarbonização da economia.