Primeiro foi a inteligência artificial, que dominou as manchetes da área da tecnologia com avanços significativos em quase todos os setores e investimentos bilionários. E agora é a vez de IA generativa, que mobiliza as atenções das grandes empresas e consequentemente da mídia, impulsionada pelo sucesso do ChatGPT, criado pela OpenAI.
Segundo as previsões da IDC, os gastos com soluções de inteligência artificial generativa vão dobrar em 2024, atingindo US$ 151 bilhões em 2027, com destaque para a infraestrutura de GenAI (o que inclui hardware, IaaS — infraestrutura como serviço — e SIS — software para sistemas de infraestrutura).
Logicamente o mercado de smartphones não poderia ficar de fora dessa tendência. Com isso surgiram os chamados GenAI smartphones, que basicamente são celulares inteligentes com capacidade de utilizar os protocolos de LLM (os modelos de linguagem de grande escala) e imagem para criação de conteúdo diferenciado, com tecnologia de borda, com esses protocolos já embarcados no SoC (chipset)/APU (unidade de processamento avançado) do aparelho.
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Para desempenhar suas funções de IA, esses aparelhos vão promover um mix entre computação de borda (edge computing) e computação na nuvem (cloud computing), pois o processamento local deve acontecer em apenas uma parte dos protocolos, com a nuvem ainda tendo uma grande importância no processamento das informações.
Uma das áreas que mais tem tirado proveito dos recursos da inteligência artificial nos smartphones é o campo da fotografia, com ajustes automáticos melhorando a qualidade das fotos. Com o uso da chamada visão computacional, a câmera do celular reconhece as imperfeições na captura da imagem e aprimora a foto quase em tempo real. E com o uso de IA generativa, será possível ir além, unir fotos reais com cenários feitos por inteligência artificial, por exemplo, recurso que já está sendo chamado de edição generativa. Cada vez mais será difícil distinguir o que é real e o que fictício nas imagens.
Inicialmente os telefones com IA generativa estão concentrados nos segmentos flagship (aparelhos premium), mas a tendência é que, como já aconteceu com outras tecnologias, haja uma migração da inteligência artificial generativa para os celulares intermediários, democratizando o acesso a essa tecnologia.
Segundo um estudo da consultoria Counterpoint, mais de um bilhão de GenAI smartphones serão vendidos entre 2024 e 2027, com a participação de mercado de 4% em 2023 saltando para 40% em 2027. Já em 2024 devemos ver mais de 100 milhões de celulares com inteligência artificial generativa sendo comercializados, segundo a Counterpoint.
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No começo esses recursos de inteligência artificial serão utilizados para funções como tradução em tempo real, o que, quando estiver funcionando de forma adequada, sem as confusões de entendimento que vemos em alguns assistentes pessoais inteligentes, será ótimo para os turistas que vão para lugares nos quais não conhecem o idioma. Também serão fortes na criação de imagens por meio de IA e aplicações de assistente pessoal (como a Alexa, da Amazon) com melhores recursos de conversação.
Esses aparelhos devem impulsionar as vendas de smartphone premium (aparelhos que custam mais de 600 dólares) que em 2023 já tiveram crescimento de 6%, segundo a Counterpoint. Afinal, quando os novos recursos estiverem disponíveis nos primeiros aparelhos, muito consumidores vão querer ter o mesmo em seus celulares, gerando demanda e aquecendo o mercado. A IA generativa deve estar, em breve, na palma da sua mão.
*Samir Vani é diretor de desenvolvimento de negócios da MediaTek para a América Latina