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Vagas de emprego vão acabar? Entenda a desaceleração do mercado de trabalho

Nota Diária

Os questionamentos sobre o futuro do mercado de trabalho no Brasil seguem ocupando a mente do trabalhador diante das recentes divulgações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a taxa de desemprego no país.

Segundo os dados mais recentes, a taxa de desocupação de janeiro de 2024 se manteve estável em 7,6%, marcando uma interrupção na tendência de queda observada nos últimos três anos.

Apesar da estabilidade, o cenário está desafiador para muitos brasileiros em busca de oportunidades profissionais. Enquanto o mercado formal demonstra sinais de desaceleração na recuperação pós-pandemia, as taxas de informalidade têm aumentado, ultrapassando os 40% em diversos trimestres.

Logo vem a preocupação: as vagas de emprego estão realmente em risco? Para compreender melhor essa situação e seus desdobramentos, continue a leitura!

Por que falta emprego no mercado de trabalho?

Entre junho de 2022 e junho de 2023, houve um aumento dos pedidos de seguro-desemprego, atingindo quase 7 milhões de acordo com pesquisa da LCA Consultores, demonstra a atual dificuldade do mercado de trabalho brasileiro.

O programa de preservação de empregos lançado durante a pandemia ajudou a estancar o desemprego no país.Fonte:  g1/Captura de tela 

O número revela uma elevação significativa em relação aos períodos anteriores à pandemia de covid-19, quando o país registrava cerca de 6,5 milhões de solicitações em um ano.

E quais são os principais motivos do desemprego hoje? É preciso ter ciência de que há uma série de elementos que influenciam e moldam a dinâmica do desemprego no país, como:

Ritmo econômico brasileiro

A desaceleração do mercado de trabalho brasileiro está intimamente ligada ao ritmo econômico do país, conforme apontam especialistas.

Segundo o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), Daniel Duque, essa desaceleração segue uma trajetória previsível, acompanhando de perto o cenário macroeconômico nacional.

Ao reduzir a taxa de juros em agosto de 2023, o Banco Central buscava estimular a economia, mas os efeitos ainda não se refletiram plenamente no mercado de trabalho.

Empresários continuam enfrentar obstáculos no acesso ao crédito devido a taxas elevadas, o que limita investimentos e a criação de novos postos de trabalho, impactando também o consumo.

“É um mercado de trabalho bastante resiliente, que permanece criando vagas, mas em desaceleração”, destaca o economista da LCA, Bruno Imaizumi, para o g1.

Impacto das novidades tecnológicas

A rápida evolução tecnológica impulsionada pela 4ª revolução industrial está moldando o mercado de trabalho de maneira sem precedentes. Novas oportunidades surgem em setores como big data, computação em nuvem e inteligência artificial, mas muitos empregos tradicionais podem ser substituídos pela automação.

Segundo o relatório “Futuro do Trabalho 2023” do Fórum Econômico Mundial, mais de 75% das empresas estão buscando incorporar essas tecnologias nos próximos cinco anos.A adoção dessas inovações, aliada ao aumento do custo de vida e a desaceleração econômica, traz consigo o risco de perda de empregos em grande escala.

Estima-se que, dos 673 milhões de empregos analisados, 83 milhões serão eliminados, enquanto apenas 69 milhões serão criados, resultando em uma redução líquida de 14 milhões de postos de trabalho (2% do emprego atual).

Demanda por mão de obra qualificada

No Brasil, apesar de uma força de trabalho de aproximadamente 136 milhões de pessoas, apenas 17% possuem educação de nível superior ou vocacional. Esse cenário é agravado pela alta taxa de jovens que nem trabalham, nem estudam (23%) e pela predominância da desocupação entre aqueles com apenas educação básica.

De acordo com análises do FGV Ibre, essa falta de qualificação impacta diretamente no poder de negociação dos trabalhadores, levando muitos a ingressarem no mercado de trabalho através da informalidade.

Aumento do “precariado”

Na economia internacional atual, o sonho tradicional de construir uma carreira em uma única profissão ou permanecer por anos em uma mesma empresa está se tornando cada vez mais inviável.

O economista britânico Guy Standing alerta para esse fenômeno, um colapso no modelo clássico de emprego, no qual as pessoas são agora compelidas a aceitar uma vida de trabalho instável, sem uma identidade ocupacional definida.

Tal mudança é impulsionada pela ascensão do trabalho sob demanda, conforme explicado pelo economista Octavio de Barros. “Essa é a flexibilidade que o mundo digital impõe”, explica o especialista.

As ocupações flexíveis, desprovidas de horários e locais de trabalho fixos, estão redefinindo a maneira como os trabalhadores são remunerados, eliminando benefícios como férias remuneradas e estabilidade profissional.

O resultado é uma lógica de gratificação instantânea, na qual o “precariado” é o termo sociológico utilizado para nomear a classe social que sofre com a inexistência de previsibilidade ou segurança no trabalho, impactando seu bem-estar material e psicológico.

A necessidade de encontrar soluções que garantam proteção social aos trabalhadores precários torna-se evidente. Conforme observado por Octavio de Barros, a sobrevivência no futuro dependerá cada vez mais da criatividade, inteligência emocional e habilidades sociais, destacando a importância da educação voltada para a inventividade.

Portanto, é essencial que as instituições públicas e privadas se adaptem a esse novo cenário e promovam mudanças significativas.

Após a Pandemia, as carreiras estão em constante mudanças.Fonte:  GettyImages 

Entre as resoluções propostas por estudiosos estão a criação de políticas públicas mais inclusivas, reformas na previdência social e iniciativas empresariais que visam maior proteção aos trabalhadores.

Algumas dessas soluções também incluem:

  • a implementação de uma política de renda básica;
  • a redução das taxas de juros;
  • uma revisão do modelo sindical para melhor representar os interesses dos trabalhadores em um contexto de mudança constante.

Enquanto o governo e o empresariado não implementam medidas realmente eficazes nesse sentido, cabe aos profissionais se adaptar às mudanças adquirindo novas habilidades que sejam relevantes para o mercado de trabalho em transformação.

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