Sweet Home | Filme que inspirou Resident Evil pode ser visto de graça

Um grande nome do cinema de horror japonês e uma das inspirações para a franquia Resident Evil, Sweet Home foi liberado de graça no YouTube. O filme lançado em 1989 foi remasterizado e publicado na plataforma em resolução 4K, na íntegra e com legendas em inglês, trazendo de volta o título que, até agora, estava disponível oficialmente apenas em mídias analógicas. É a chance para os fãs da icônica franquia dos games conhecerem um pouco das influências que deram vida aos zumbis de Raccoon City.

O trabalho foi feito pelo Kineko Video, um grupo especializado em restaurações e publicações de obras japonesas perdidas, principalmente filmes de animação. A versão remasterizada de Sweet Home foi um trabalho de oito meses, a partir de três cópias do filme em laser disc, em diferentes estados de conservação — apesar do título, o filme não tem nenhuma relação com a série de terror coreana lançada em 2020 pela Netflix.

As marcas do tempo nos discos originais, fornecidos por fãs, levaram o time a editar o filme a partir dos segmentos preservados de cada mídia. Trabalhos de melhoria de vídeo e áudio também foram realizados, enquanto as novas legendas foram feitas pelo grupo LonelyChaser Fansubs, também especializado na tradução de animes e outras obras japonesas perdidas.

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Na história, um grupo de cineastas vai à mansão abandonada de um artista para gravar um documentário. A ideia é recuperar as obras e falar sobre os trabalhos perdidos dele, mas o time acaba trancado dentro da residência, assombrada pelo fantasma da esposa do pintor e as memórias doloridas da perda de um filho, que caiu por acidente dentro do incinerador de lixo. Embora não tenha zumbis, é bem claro como a história de um grupo preso em uma mansão suspeita influenciou o primeiro Resident Evil.

A bem da verdade, Sweet Home estava disponível no YouTube há mais de 10 anos, mas em uma versão de baixa qualidade, extraída diretamente de uma fita VHS sem tratamento nenhum. A nova resolução traz mais detalhes de um filme que nunca chegou a ser lançado em versões digitais ou via streaming, nem mesmo no Japão, enquanto a nova legenda corrige erros de tradução da anterior e falas que não podiam ser entendidas devido à baixa qualidade da cópia.

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Disputa judicial impediu relançamentos oficiais

Enquanto a versão lançada pelo grupo Kineko Video é, de longe, a de melhor qualidade disponível, disputas judiciais impediram reedições oficiais de Sweet Home. De acordo com o que é contado pelos próprios responsáveis por essa remasterização, a questão envolve uma briga entre o diretor Kiyoshi Kurosawa (Pulse) e as produtoras Toho e Itami Productions em relação a pagamentos pelos relançamentos.

A disputa, inclusive, envolve compensações relacionadas às versões em VHS e laser disc. Como dá para imaginar, a briga impediu novas versões de Sweet Home, tanto no Japão quanto fora dele, tornando as cópias originais bem raras — no momento em que essa reportagem é escrita, por exemplo, um único VHS original do longa está disponível no site de leilões eBay e é vendido por US$ 400, cerca de R$ 1.980 em conversão direta.

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Longa foi adaptado em jogo e levou a Resident Evil

As relações entre Sweet Home e Resident Evil começam ainda em 1989. O sucesso do longa, lançado em janeiro, levou a uma adaptação para o NES, o primeiro console da Nintendo, em dezembro, produzida por um dos atores, Juzo Itami, e dirigida por Tokuro Fujiwara. O responsável por nomes de peso da empresa, como Ghosts ‘n Goblins e Bionic Commando criou um clássico cult que pode não ter vendido tão bem, mas caiu nas graças da produtora.

Quando o criador de Resident Evil, Shinji Mikami, assumiu o projeto, a ideia da Capcom era criar um remake do Sweet Home original. Ao longo de quase três anos de desenvolvimento, entre 1993 até o lançamento em 1996, ele aproveitou influências do jogo original, mas também de outras obras que já havia entregado, como os clássicos Goof Troop e a versão de Aladdin para o Super Nintendo.

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Assim como o filme, o jogo também ficou perdido no tempo. Disputas judiciais, na época, fizeram com que o projeto de remake de Sweet Home fosse abandonado e transformado em algo inédito, enquanto o título original jamais saiu do velho Nintendinho.

Do título de 1989, vieram as clássicas animações de portas se abrindo — que se tornariam uma das marcas de Resident Evil — e a história menos linear, entre outros aspectos. O jogador era livre para explorar áreas da mansão e coletar itens sem ordem específica, enquanto os atos realizados durante o game poderiam influenciar na vida ou morte dos personagens; o jogo, aliás, continuava após isso, com mudanças no final de acordo com os eventos da história.

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