Detalhes sobre o caso Hytalo Santos parecem não ter chegado aos ouvidos de Charles Porch, vice-presidente global de parcerias do Instagram, que cuida da relação com os influenciadores na rede social, o que não engloba monitoramento de conteúdos. Pelo menos, é o que ele afirmou em entrevista à CNN Brasil ao ser questionado se tinha conhecimento da situação.
“Não estou muito por dentro disso. Sei só um pouquinho a respeito”, disse ele à reportagem, que também questionou por que o Instagram não “derrubou” a conta de Hytalo Santos, que tinha milhões de seguidores na rede, antes do youtuber Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, publicar o vídeo de “Adultização”, sobre exploração e sexualização de menores na internet.
Porch, então, voltou a dizer: “É difícil, para mim, dizer, porque não estou muito por dentro disso.”
A Meta divulgou um comunicado oficial sobre o caso. Na nota, a gigante da tecnologia afirmou ter “regras contra sexualização infantil”, além de ter dito que removeram “esses conteúdos assim que identificados”.
“Utilizamos tecnologia para detectar adultos que apresentam comportamento potencialmente suspeito e impedir que eles encontrem e interajam com contas de adolescentes e também entre si. Em julho, anunciamos novas medidas para dificultar ainda mais que esses adultos encontrem contas que exibem predominantemente conteúdos com crianças, por exemplo via recomendações ou busca”, também diz o comunicado da Meta.
Relembre o caso
Santos e o marido, Israel Nata Vicente, se tornaram réus por produção e divulgação de material pornográfico envolvendo menores de idade. A denúncia do MPPB (Ministério Público da Paraíba) foi aceita pelo TJPB (Tribunal de Justiça da Paraíba) em 23 de setembro.
As denúncias contra Hytalo Santos e o marido ganharam repercussão após o vídeo de Felca. No conteúdo, ele expôs práticas de exploração de menores em produções digitais, incluindo acusações contra Santos. A conta de Hytalo Santos só foi desativada no Instagram no dia 8 de agosto, ou seja, dois dias depois do vídeo de Felca.
À CNN Brasil, Porch também comentou que “uma série de razões” levam o Instagram a derrubar a conta de um influenciador digital. “Basicamente, temos uma equipe de política e uma operação global que olha para os conteúdos 365 dias por ano e 24 horas por dia”, pontuou.
O sistema, segundo ele, faz com que as contas sejam advertidas caso violem as políticas da Meta. “Com base no número de denúncias que você tiver, a conta pode ser derrubada. As políticas abrangem uma grande variedade de coisas, então é difícil te dar algo super preciso. Mas, em teoria, é assim que o sistema funciona”.
Porch afirmou que o objetivo da Meta é “manter o Instagram o mais seguro possível, o tempo todo, para todos, e oferecer o melhor conteúdo”.
O vice-presidente também disse que os influenciadores podem usar ferramentas para verificar se receberam denúncias e qual conteúdo gerou essa resposta da big tech. Esses criadores de conteúdo ainda podem questionar a decisão do Instagram.
“No caso daqueles com quem talvez tenhamos um relacionamento ou que conhecemos, nosso trabalho é garantir que entendam quais são as regras e como podem ser impactados por elas”, completou.
Quem é Charles Porch?
Charles Porch trabalha na Meta há quase 15 anos e, junto aos fundadores, criou “todo o ecossistema de criadores” de conteúdo do Instagram. Vice-presidente global de parcerias da rede desde setembro de 2015, ele “trabalha com parceiros-chave para desenvolver presenças e integrações de primeira classe na plataforma do Instagram”, segundo seu perfil no Linkedin.
Especializado nessa área, Porch disse não ser um dos experts da plataforma em políticas do Instagram. “Damos a todos acesso às mesmas ferramentas, aos mesmos produtos no Instagram, e depois temos um conjunto de políticas que todos precisam seguir. E, você sabe, todo tipo de criador precisa se encaixar nessas regras e no que elas determinam”, afirmou.
A CNN Brasil também questionou qual é a opinião do vice-presidente sobre o STF (Supremo Tribunal Federal) ter formado maioria para responsabilizar big techs por conteúdos de usuários. No caso, o órgão entendeu que essas gigantes da tecnologia devem ser responsáveis por conteúdos considerados criminosos de terceiros.
“Não estou muito próximo de muitas coisas que estão acontecendo no Brasil. Então, não sei se conseguiria te dar uma resposta suficientemente satisfatória. Mas trabalhamos com governos em todo o mundo para termos a melhor plataforma possível, que ajude criadores, ajude usuários, ajude pessoas, ajude empresas e que torne a experiência bem-sucedida — e a eles o mais bem-sucedidos possível nesses países”, disse.
E finalizou: “E temos especialistas em políticas espalhados pelo mundo inteiro trabalhando com governos para garantir que cheguemos ao ponto certo sobre quais devem ser nossas políticas e quais devem ser as deles. É uma parceria real, adaptada às necessidades de cada país”.











