Quem teve casos graves da Covid-19, precisou ser entubado e se recuperou pode não estar totalmente livre da doença. Uma pesquisa de monitoramento do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP mostrou que, a longo prazo, os pulmões desses pacientes podem apresentar sequelas agravadas.
A pesquisa acompanhou 237 pacientes com casos graves de Covid-19 desde 2020. Os resultados foram publicados no The Lancet Regional Health.
Os detalhes:
- A maioria dos pacientes acompanhados (91%) apresentou alguma alteração pulmonar no período de dois anos após a recuperação.
- Destes, 58% teve inflamação pulmonar e 33% fibrose, quando o acúmulo de tecido cicatrizado dificulta a respiração e a captação do oxigênio do sangue.
- Dos que desenvolveram fibrose, apenas 2% apresentaram melhora comparada com a avaliação de um ano após alta hospitalar. 25% tiveram piora da condição.
- O grupo de pacientes tem um perfil específico: precisaram ser internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), utilizaram ventilação mecânica, foram entubados e são idosos.
- A fibrose é a complicação mais preocupante. Por isso, os cientistas fizeram uma nova avaliação com biópsias para entender o quadro. Os resultados estão em análise.
- O estudo também revela que pacientes que receberam oxigênio durante a internação por COVID-19, mas não precisaram de UTI, estão desenvolvendo uma forma de bronquiolite.
Leia mais:
O perigo da fibrose pulmonar
A fibrose pulmonar pode ter muitas causas. A inalação de poeira de carvão, silicatos ou amianto são algumas entre mais de 200 fatores que podem levar a essa condição. No caso de pneumonias virais, o desencadeamento dela é bem comum, mas na Covid-19 parece ser mais frequente.
O fato preocupa os pesquisadores, pois quando a fibrose está em estágio avançado, só existem dois tipos de soluções: uso de medicamentos (considerados de alto custo) ou o transplante de pulmão, explica Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho, autor do estudo, para a Agência FAPESP.
Trata-se, portanto, de uma sequela com grande peso para o indivíduo e de custo elevado. Existe, inclusive, uma preocupação em relação à sobrecarga do Sistema Único de Saúde (SUS).
Roberto Ribeiro de Carvalho para a Agência FAPESP.
A pesquisa segue adiante e, em breve, deve divulgar novos achados. Eles ajudarão a compreender melhor as sequelas da COVID-19 e podem apoiar a criação de novos protocolos de tratamento no futuro.
Fonte: Olhar Digital