A Justiça não analisará pedido de liberdade feito pelo ex-advogado de Yasmin Osório Cabral, 31, servidora comissionada suspensa que está presa após ser implicada como pivô de esquema de fraudes que lucrou até R$ 2 milhões no Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul).
Acontece que o seu antigo defensor, André Stuart, apresentou pedido de desistência do HCH (Habeas Corpus) que requeria a liberdade da servidora. Isso porque não foi apresentado a ele um substituto para que pudesse substabelecer o caso. Agora, ela pode nomear um defensor público para cuidar do seu caso, o que ainda não ocorreu.
Dessa forma, a Justiça homologou a desistência do HC em decisão publicada no Diário da Justiça desta terça-feira (16). “Homologo o pedido de desistência do presente habeas corpus, restando prejudicada, por conseguinte, sua apreciação por esta Corte”, diz despacho do desembargador Fernando Paes de Campos.
Na semana passada, o magistrado havia negado, liminarmente (provisoriamente), o pedido que ainda seria apreciado pelo colegiado. Logo, Yasmin que foi presa no dia 6 de julho continuará em uma das celas do presídio “Irmã Irma Zorzi” até que haja determinação judicial para sua soltura.
À reportagem do Jornal Midiamax, o antigo defensor de Yasmin, André Stuart limitou-se apenas a confirmar que deixou o caso e que a servidora está sem advogado no momento. Ele não respondeu ao questionamento sobre os motivos da desistência.
De ‘Supergirl’ heroína do trânsito a prisão por fraude no Detran-MS
Conforme investigações do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), ela agia em conluio com o despachante David Clocky Hoffaman Chita, que está foragido.
Assim, após operação do Dracco apreender documentos, a Justiça expediu pedido de prisão contra Yasmin pela juíza da 3ª Vara Criminal, Eucélia Moreira Cassal, e cumprido na noite do dia 6 de julho (sábado), na casa dela, no bairro São Lourenço, em Campo Grande.
Depois, ela acabou sendo levada ao presídio ‘Irmã Irma Zorzi’, onde permanece reclusa.
Ela recebia propina para, clandestinamente, dar baixas em caminhões com restrições, em fraude cometida em conjunto com o despachante David Clocky Hoffaman Chita.
Yasmim estava lotada por último na Corregedoria de Trânsito (Cotra) do Detran-MS.
Yasmin foi acusada de tentar dar golpe no próprio pai
Boletim de ocorrência registrado em novembro de 2022 na 1ª DP (Delegacia de Polícia) de Campo Grande coloca Yasmin como autora de crime de estelionato, tendo como vítima o próprio pai.
Conforme o registro policial, a acusação ocorreu após a Polícia Civil receber ofício da Corregedoria da Superintendência Regional da Polícia Federal em MS, que identificou fraude na antecipação de saque-aniversário do FGTS de um homem.
Segundo a polícia, Yasmin teria se passado pelo pai junto ao Banco Pan para conseguir sacar os valores.
Operação revela fraudes no Detran-MS
Conforme o Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), Yasmin teria participado de esquema que rendeu cerca de R$ 290 mil em apenas um dia – mas os valores podem chegar a R$ 2 milhões. Ela seria pivô da investigação e teria papel-chave na identificação dos “beneficiários” dos desvios ocorridos no Detran-MS.
Conforme a polícia, a servidora obtinha clandestinamente senha de outros servidores, acessava o sistema e identificava caminhões com restrições. Então, passava informações para o despachante David Cloky Hoffamam Chita, que exigia o pagamento de R$ 10 mil dos proprietários para liberar os veículos.
Assim, ao receber os valores, a servidora liberava as restrições no sistema e o despachante baixava a documentação. Ao menos 200 veículos liberados irregularmente pelo grupo estão identificados.
Ainda ficou constatado nas investigações que Yasmin receberia presentes de David como um iPhone 15 Pro Max, joia e valores no Pix.