O presidente do Partido Liberal em Mato Grosso do Sul, Tenente Portela, foi flagrado reclamando de políticos de Mato Grosso do Sul em inquérito da Polícia Federal.
A polícia vazou um áudio onde Portela diz a Bolsonaro que está sendo perseguido por colegas de partido e pela senadora Tereza Cristina (PP), de quem é suplente.
Portela, que nem era da política quando foi colocado, à contragosto, como suplente de Tereza, acusa a senadora de perseguição.
“Eu tinha uma filha que trabalhava no Estado, a Tereza tirou. A Tereza persegue mesmo, mas tá bom…Faz parte da política… Agora, o que eles não podem é partir pra humilhação. E e o que estão fazendo é humilhação. E ai eu nao aceito, prefiro ficar fora. Entendeu?”, diz parte do áudio.
Na transcrição não há detalhes sobre outros motivos da reclamação, mas Portela diz que algo está tendo repercussão dentro do PL e chega a declarar que se quiserem podem até expulsá-lo do partido ou que vai pedir desfiliação e até renunciar à suplência.
Portela afirma ainda que está apanhando da senadora Tereza e do PL porque foi colocado como suplente.
“Então, aqui é: apanha, apanha de um, apanha do outro lado, apanha, apanha de Rodolfo, apanha do Coronel David, apanha de Neno Razuk, apanha de Pollon, apanha do grupo da Teresa Cristina. Tenho apanhado. Eu tenho ficado quieto em casa. Entendeu? Mas tem hora que não dá, porque partem pra humilhação. Que eu tinha ido lá até na prefeita, a troco de de serviço. Eu fico no cabo do Guatanou, né? Só me desculpa que a gente tambem é ser humano e emotiva né? E, é, já tem. Já tem uns problema. Não, não quero prejudicar ninguém, ninguém, prefiro sair do que prejudicar qualquer pessoa”, reclama.
Portela acusa companheiros de ficarem inventando coisas que ele não fez e ressalta desemprego. “Eu to desempregado? Tô, mas to trabalhando na minha chácara. Então, essas coisas…”.
Bolsonaro ignora as reclamações e pede pra Portela não renunciar ao posto que ele deu. “Nunca fale em renunciar ao cargo de suplente. Deixe um pouco a política de lado. Vá pescar”.
Briga interna
O vazamento da Polícia Federal expõe uma crise no Partido Liberal, onde a maioria não confia e nem tem boa relação com Tenente Portela.
Portela chegou ao cargo de presidente do partido a mando de Bolsonaro, após acordo do com o PSDB, de Reinaldo Azambuja e Eduardo Riedel.
Antes de Portela, Pollon comandava o partido, mas foi tirado por Bolsonaro por ser contra parceria com PSDB, a quem sempre classificou como de esquerda.
Portela chegou a trabalhar como assessor de João Henrique Catan na Assembleia Legislativa, mas saiu do cargo para ser comissionado na gestão de Adriane Lopes (PP). Deixou a função a mando de Bolsonaro, para comandar a tentativa de candidatura própria do PL.
Portela ainda protagonizaria outra situação delicada com Rafael Tavares (PL) ao retirar a candidatura dele a prefeito , que ele mesmo havia incentivado, para lançar o próprio nome. Dias depois, também retirou a própria candidatura, após ser desautorizado por Bolsonaro a falar sobre candidatura. No fim, o PL não teve candidatura própria na Capital.
Durante eleição, nova polêmica, desta vez com o fato de a filha de Portela, Ana Portela, ter recebido muito mais recurso que as demais candidatas. Ela recebeu R$ 400 mil do partido, enquanto a primeira suplente, Cassy Monteiro, R$ 30 mil.