O tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid confirmou à Polícia Federal (PF) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria ordenado a inclusão de dados da vacinação contra a Covid-19 nos cartões de vacina dele e da filha, Laura Firmo Bolsonaro.
Em depoimento, Cid afirma que, ao tomar conhecimento de que tinha documentos ideologicamente falsos com dados sobre a imunização contra a doença, o ex-presidente solicitou ao tenente-coronel que fizesse o mesmo para ele e sua filha.
“Conforme exposto, em seu termo de depoimento o colaborador Mauro Cid afirmou que após a inserção dos dados falsos de vacinação contra a Covid-19 em benefício de Jair Bolsonaro e Laura Firmo Bolsonaro, o então Ajudante de Ordens imprimiu os certificados de vacinação ideologicamente falsos e entregou em mãos ao então Presidente da República Jair Messias Bolsonaro”, diz o relatório.
Ainda segundo o documento, diante do pedido do ex-presidente, Cid teria utilizado o mesmo modus operandi responsável por fraudar os cartões de seus familiares. Ele disse aos investigadores que solicitou a Ailton Barros, ex-major do Exército, as “inserções de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, em benefício de Jair Messias Bolsonaro e Laura Firmo Bolsonaro”.
A investigação identificou o seguinte modus operandi: o tenente-coronel enviava o pedido de inserção dos dados falsos a Ailton Gonçalves Barros, que encaminhava as informações ao Secretário Municipal de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, responsável por realizar as inserções dos dados fraudados no Sistema SI-PNI do Ministério da Saúde.
O caso das vacinas
Como confirmado por Igor Gadelha, colunista do Metrópoles, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente por associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público no inquérito que investiga fraudes em carteiras de vacinação contra Covid-19.
Esse processo será analisado pelo Ministério Público Federal (MPF), responsável por decidir se apresenta a denúncia à Justiça ou se arquiva o caso. Mauro Cid também está na lista de indiciados pela PF. É a primeira vez que Cid e Bolsonaro são indiciados pelo caso das vacinas.
Confira os indiciados pela PF:
- Jair Bolsonaro: inserção de dados falsos em sistema público e associação criminosa
- Mauro Cid: falsidade ideológica de documento público, inserção de dados falsos em sistema público, falsidade ideológica de documento público, uso de documento ideologicamente falso e associação criminosa
- Gabriela Santiago Ribeiro Cid: falsidade ideológica de documento público, inserção de dados falsos em sistema público, uso de documento ideologicamente falso, uso de documento falso em nome de suas filhas Isabela Ribeiro Cid e Giovana Ribeiro Cid
- Gutemberg Reis: associação criminosa
- Marcelo Costa Câmara: inserção de dados falsos em sistema público
- Luis Marcos dos Reis: falsidade ideológica de documento público e inserção de dados falsos em sistema público
- Farley Vinicius Alcantara: falsidade ideológica de documento público e inserção de dados falsos em sistema público
- Eduardo Crespo Alves: inserção de dados falsos em sistema público
- Paulo Sérgio da Costa Ferreira: inserção de dados falsos em sistema público
- Ailton Gonçalves Barros: inserção de dados falsos em sistema público, falsidade ideológica de documento público e associação criminosa
- Marcelo Fernandes Holanda: inserção de dados falsos em sistema público
- Camila Paulino Alves Soares: inserção de dados falsos em sistema público
- João Carlos de Sousa Brecha: inserção de dados falsos em sistema público e associação criminosa
- Max Guilherme Machado de Moura: inserção de dados falsos em sistema público, uso de documento falso e associação criminosa
- Sérgio Rocha Cordeiro: inserção de dados falsos em sistema público, uso de documento falso e associação criminosa
- Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva: associação criminosa
- Célia Serrano da Silva: associação criminosa
Defesa de Bolsonaro critica “vazamentos”
No X (antigo Twitter), Fabio Wajngarten, advogado do ex-presidente, reclamou que os “vazamentos continuam aos montes, ou melhor, aos litros”. “É lamentável quando a autoridade usa a imprensa para comunicar ato formal que logicamente deveria ter revestimento técnico e procedimental ao invés de midiático e parcial”, escreveu.