Ex-presidente e atual CEO do Fortaleza, Marcelo Paz acredita que a atual divisão dos clubes brasileiros em dois blocos não representa um empecilho sério para a criação de uma liga unificada no país.
Na verdade, para o executivo, o fato de existirem apenas dois grupos (de um lado, a Liga Forte União (LFU), da qual o Fortaleza faz parte, e do outro, a Liga do Futebol Brasileiro (Libra)) significa um avanço.
“Eu queria deixar claro que se avançou muito. Se hoje só existem dois blocos, que maravilha. É só um se juntar ao outro, e pronto. Antes, eram 20 ou 40 cabeças pensando diferente. Agora, só falta o ‘match’ final entre os dois blocos”, afirmou Paz.
As declarações foram feitas pelo executivo durante entrevista concedida a Erich Beting e Gheorge Rodriguez, no podcast Maquinistas, da Máquina do Esporte, que irá ao ar nesta terça-feira (29), às 19h (horário de Brasília).
De acordo com Paz, a relação entre dirigentes e executivos da Libra e da LFU, hoje, é marcada pela civilidade. Ele elogiou nomes como Leila Pereira, do Palmeiras; Rodolfo Landim, do Flamengo; Julio Casares, do São Paulo; Alberto Guerra, do Grêmio; e Fábio Mota, do Vitória.
“Estamos em blocos diferentes, mas há diálogo. E isso vai facilitar a união”, disse.
Na visão de Paz, a criação de um bloco unificado é essencial para que os clubes avancem nas discussões sobre temas como arbitragem, fair play financeiro, padronização de gramados e na própria valorização do futebol brasileiro como produto.
O que ocasionou a divisão?
Segundo Paz, o início das discussões para a criação de uma liga foi marcado por uma tentativa de imposição de um modelo, que acabou afastando parte dos clubes.
“Chegou um estatuto pronto. Não houve flexibilidade. Foi isso que separou”, explicou o executivo, que segue confiante em uma unificação próxima entre os dois blocos.
“A questão dos direitos de TV já foi negociada pela Libra. A LFU está perto de fechar a venda de todas as suas cotas. Uma vez que os direitos tiverem sido vendidos, não vai mais se discutir dinheiro. A partir daí, poderemos debater a formação da possível liga e questões como governança e fair play financeiro”, pontuou.
Ele comentou ainda sobre a entrada do Corinthians na LFU, ocorrida neste ano. Anteriormente, o clube fazia parte da Libra, mas deixou o grupo por discordar dos valores que receberia com os direitos de TV.
“A chegada do Corinthians foi importante, pois se trata de um gigante. Geograficamente, inclusive, porque não tínhamos nenhum representante em São Paulo. Tivemos de fazer pequenas concessões, sabendo que a vinda seria melhor para todo mundo”, explicou.
Sobre a venda de 20% dos direitos comerciais da LFU ao grupo de investidores capitaneado pela Life Capital Partners (LCP), em um acordo válido por 50 anos, o executivo defendeu a negociação, lembrando que LaLiga e NFL também fizeram operações semelhantes.
De acordo com ele, o atual movimento de recompra de parte dos direitos pelos clubes da LFU foi um pedido dos próprios times e visa a reduzir as distâncias entre os faturamentos dos clubes dos dois blocos comerciais.
“A ideia é reduzir as distâncias. Isso aumenta as chances de unir os dois blocos. O investidor se mostrou sensível a isso e quer uma liga unificada. Estamos em um processo de discussão. Não é que faltou dinheiro ou que o investidor pediu. Não tem nada disso”, declarou.
Assista à entrevista completa do CEO do Fortaleza, Marcelo Paz, ao podcast Maquinistas, nesta terça-feira (29), a partir das 19h, no canal da Máquina do Esporte no YouTube: