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'O medo é grande', diz motorista que passava pela Linha Vermelha durante operação da PM na Maré

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Ação levou bandidos a fecharem vias e atearem fogo em ônibus na Avenida Brasil Motoristas que passaram pela Linha Vermelha e pela Avenida Brasil, nesta terça-feira, relatam momentos de pânico ao transitarem pelos acessos durante uma operação da Polícia Militar na Maré, na Zona Norte do Rio. Na ação, um agente do Batalhão de Operações Especiais (Bope) morreu e outro ficou ferido. Em represália, bandidos fecharam as duas vias. Ainda na Avenida Brasil, um ônibus foi incendiado na pista sentido Zona Oeste, na altura da Vila do João e perto da Fiocruz. O coletivo fazia a linha 361 (Recreio dos Bandeirantes x Castelo).
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— O Rio está cada vez mais difícil. Eu estava a caminho do trabalho quando mais uma vez teve tiroteio na Linha Vermelha. Nós estamos sem segurança nenhuma. Teve muito tiro, foi desesperador. Muita gente querendo dar um jeito de sair dali, dando ré, mas não funcionava — conta o vendedor André Silva, de 36 anos.
Já a estudante Gabriela Pereira, de 24 anos, relata que é a segunda vez que fica em meio ao tiroteio. A jovem estava a caminho da UFRJ quando ouviu os tiros.
— Não pensei que iria passar por esse sufoco novamente. Eu realmente não desejo que ninguém passe por esse situação porque o sentimento de impotência é enorme. Nós ficamos ali, presos, muitas pessoas abandonam os carros porque o medo é grande — diz Gabriela.
Enquanto isso, Ronaldo Vicente, de 58 anos, estava indo buscar a filha no hospital. Para fugir dos tiros, Ronaldo entrou no estacionamento de uma rede de atacados.
— Fui buscar minha filha que estava com um parente nosso no hospital. Estava na Avenida Brasil quando de repente vi o fogo ( do ônibus) e, em seguida ouvi barulho de tiros. Na hora eu e minha filha entramos com o carro no estacionamento de uma rede atacados ( localizada cerca de 400 metros antes da Vila do João) e ficamos lá por duas horas. Foi a melhor solução que encontrei — afirma Ronaldo.
Nas redes sociais, internautas desabafaram sobre as dificuldades para se deslocar:
“Péssimo dia para quem passa pela Brasil/Linha Vermelha”, escreveu uma usuária no “X” (antigo Twitter).
“A bandidagem conseguiu fechar somente a Linha Vermelha e a Avenida Brasil. Só isso. A população do bem está ferrada mesmo nesse estado. Quem puder ir embora, vá. Rio de Janeiro está falido faz tempo”, publicou outra.
“Linha vermelha, Av. Brasil e Amarela, as artérias do trânsito, estão fechadas por causa da violência. Mais um dia normal na segunda maior cidade do país”, compartilhou um terceiro.
A PM, em seu perfil oficial no X (antigo Twitter), afirma que as duas vias estão com policiamento reforçado. A pista lateral da Avenida Brasil, na altura de Manguinhos, continua fechada no sentido Zona Oeste.
Esconderijo de drogas
Além Bope, atua na Maré o 22º BPM. Os agentes apreenderam carros. Um esconderijo de drogas foi encontrado. O local, de acordo com a PM, também é utilizado para embalar de entorpecentes. Dois suspeitos foram presos e houve apreensão de uma pistola que estava com um deles.
Por causa da operação, 43 escolas das redes estadual e municipal suspenderam as aulas. O que dizem as secretarias de Educação:
Em nota, a Secretaria municipal de Educação informa que 41 unidades escolares estão fechadas por conta das operações policiais na Maré. A Secretaria de Estado de Educação confirmou, também em nota, que duas escolas precisaram ser fechadas na região, afetando aproximadamente 900 estudantes no turno da manhã e destaque que “mantém diálogo permanente com as polícias Militar e Civil e vem acompanhando os registros feitos pelas unidades escolares através do Registro de Violência Escolar (RVE)”.
A Secretaria municipal de Saúde afirma, em nota, que três unidades tiveram o funcionamento suspenso nesta manhã por questões de segurança, sendo elas, o Centro Municipal de Saúde Vila do João e as Clínicas da Família (CF) Adib Jatene e CF Augusto Boal. Foi acionado “o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, interromperam o funcionamento na manhã desta terça-feira”, diz trecho. A CF Jeremias Moraes da Silva mantém o atendimento à população, mas teve impacto em parte das ações, com suspensão das “atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares”
‘Incendiar ônibus não protesto, é crime’
Segundo o Rio Ônibus — sindicato das empresas — o ataque contra o ônibus na Avenida Brasil foi o segundo em menos de 24 horas no Rio. De acordo com a entidade, este foi o sétimo coletivo incendiado em 2024. Nos últimos 12 meses, 31 carros já foram queimados.
“Incendiar ônibus não é protesto, é crime. Já são dois casos em menos de 24 horas. Quando contabilizamos sete ônibus queimados somente em 2024, fica evidente a urgência das autoridades de segurança pública tomarem providências efetivas para garantir o direito de ir e vir da população”, disse o porta-voz do Rio Ônibus, Paulo Valente.

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