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Novela da Tupi teve assassino revelado em filme da Globo há 48 anos

Novela da Tupi teve assassino revelado em filme da Globo há 48 anos

Trama da Tupi era baseada em clássico russo adaptado para o cinema que foi exibido pela Globo quando o assassinato da novela ainda era mistério

Em 4 de outubro de 1976, há 48 anos, a TV Tupi, pioneira da televisão brasileira, estreava O Julgamento como sua nova novela das oito. A trama de Renata Pallottini era uma adaptação do clássico Os Irmãos Karamazov, do pensador russo Fiódor Dostoiévski, lançado em 1880 e com inúmeras adaptações, inclusive para o cinema. A novela começou bem, mas foi prejudicada pela extensão do enredo e pela exibição de um filme baseado no livro pela Rede Globo, que revelou o assassino e o principal mistério de O Julgamento.

A adaptação de Pallottini mudou o cenário da Rússia para uma fictícia cidade interiorana de São Paulo chamada Feira das Almas e os personagens originais para versões mais brasileiras. Fiódor Karamazov virou Lourenço Paixão, Dmitri se transformou em Dimas, Gruchenka passou a ser Sônia, Alieksei/Aliócha em Aleixo/Lico, Smierdiakov em Zé Maria e diversos outros tiveram os nomes adaptados.

Inicialmente, a novela foi bem recebida pelo público e os primeiros capítulos foram considerados um sucesso. Mas, como afirma o jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, o enredo tinha capítulos contados — 100 —, e pela desorganização da grade da emissora na época, a história precisou ser estendida.

Com o aumento de capítulos, a novela começou a ficar vazia de enredos interessantes e os telespectadores começaram a se distanciar. De acordo com o livro Memória da Telenovela Brasileira, outro ponto que prejudicou O Julgamento foi a exibição do filme Os Irmãos Karamazov (1958, de Richard Brooks) pela Globo.

A emissora concorrente da Tupi passou o longa na faixa de filmes Coruja Colorida e revelou o maior mistério da adaptação de Pallottini: quem era o assassino do patriarca Lourenço Paixão (Cláudio Corrêa e Castro) — Zé Maria (Ewerton de Castro), o filho bastardo da vítima, foi o responsável pelo crime.

Apesar do fracasso de audiência, a roteirização da novela foi premiada. Renata Pallottini e Carlos Queiróz Telles receberam o prêmio revelação de roteirista em 1976 pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).

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