Procura aumentou clientela em cafeterias no Rio; variedade de opções, contato com a natureza e vista livre são atrativos O que era só um momentinho “pão na chapa com pingado” antes de começar o dia ganhou status de programa imperdível no Rio. As mesas fartas e coloridas dos cafés da manhã e brunches que andam fazendo sucesso por aí estão atraindo os cariocas, com uma opção variada de cardápios, do suco de laranja ao capuccino gelado, do ovo pochê à quiche, passando por vários tipos de pães e doces. Mas a motivação para deixar a preguiça de lado e levantar mais cedo da cama vai além dos menus. É uma forma diferente e mais gostosa de curtir a cidade.
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Acostumada a ter uma boa refeição logo no início do dia, Aline Braz, de 43 anos, conta que não abre mão de ir ao Dianna Bakery, na Tijuca, para acordar com o pé direito e pedir o seu prato queridinho: o Tijucroque, um sanduíche feito com brioche, queijo muçarela, cream cheese, peito de peru defumado e pesto de manjericão. Para completar, não pode faltar a torta de nozes, campeã de vendas do estabelecimento. A relações públicas conta que, muitas vezes, a alimentação costuma anteceder uma outra programação.
— Toda vez eu tinha que atravessar o túnel para conseguir ir a um restaurante legal. Quando eu descobri o Dianna fiquei encantada porque a qualidade daqui é excelente. Ele é a prova de que pode ser muito bom e ser na Zona Norte.
A refeição se tornou um dos programas favoritos de Aline e do namorado Gui Albuquerque, de 35 anos. Apesar de não ser diurno, o comediante admite que se rendeu aos desejos da amada:
— Vejo que ela gosta muito, então, acabou me influenciando. Eu até fico mais atento por causa dela, de ver lugares e tudo mais. Assim como saímos para almoçar e jantar, adoramos ir tomar café.
Proposta diurna
Inaugurada na pandemia, na Rua Santo Afonso, a casa, que é comandada pela confeiteira Dianna Macedo e por Teca, que é formada em Direito e barista, cresceu e se mudou para um local maior na Rua Dona Delfina. Tijucanas de carteirinha, as duas dizem que nunca pensaram em outro lugar para abrir o negócio. Gostam do bairro e não fazem segredo. Em uma das paredes está escrito: “Made in Tijuca”.
— Quando começamos, a única exigência da Teca foi para que abríssemos aqui no bairro. Fomos recebidas muito bem e hoje contabilizamos cerca de 7 mil clientes por mês. As cestas também são um sucesso, principalmente em épocas festivas — diz Dianna.
Para além dos momentos de lazer, as cafeterias se tornaram um ambiente confortável para quem quer fugir um pouco da rotina do home office. Pensando nisso, o Dainer, em Botafogo, apostou no refil de café, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h. A novidade foi celebrada pela arquiteta Gabriela Basílio, de 27 anos.
— Aqui no Dainer tenho mesa, tomada para trabalhar e um ótimo atendimento. Eu basicamente venho e tomo café, mas quando estou com fome acabo almoçando — conta Gabriela.
Para quem curte o dia
Inspirado nos restaurantes norte-americanos, daqueles que têm nichos com sofás, mostarda e ketchup na mesa, o Dainer, em Botafogo, conta com café da manhã, almoço e coquetel. Também à frente do Quartinho e do Pope, Edu Araújo explica que a casa funciona até as 20h e não surgiu com o espírito de noitada.
— Introduzimos a coquetelaria às 10h porque tem gente que gosta de beber cedo e prefere estar dormindo quando a noite chega. O cliente pode aproveitar o brunch, almoçar, e depois vir tomar um drink ao fim do dia — ressalta Edu.
Com média de 15 a 20 mil pessoas por mês, o Dainer tem como carros-chefe o Beluga, um ovo beneditino com camarão e ovas de peixe voador, e o trio de pães de queijo assados na lenha com catupiry e geleia de goiaba.
Ter uma alimentação balanceada e estar em contato com a natureza é essencial para a professora de ioga Adriana Camargo, de 53 anos. Moradora de Botafogo, a professora brinca que é um patrimônio imaterial do Empório Jardim, na Casa Firjan, no bairro, e não começa o dia antes de beber um suco detox ou comer um creme de abacate. A paixão pelo lugar contagiou toda a família.
— Ter uma refeição deliciosa logo depois que acorda traz um bem-estar enorme, tanto físico quanto emocional. É diferente da experiência de tomar café em casa e sair depois. — diz Adriana.
Do simples ao caro
Com 112 opções no cardápio e padaria própria, o Empório se destaca pela variedade de produtos, incluindo os vegetarianos, veganos e sem lactose. Em suas três unidades — Botafogo, Jardim Botânico e Ipanema —, recebe cerca de 25 mil pessoas por mês. A sócia Branca Lee acredita que fugir da modalidade foi o grande diferencial e, ao mesmo tempo, o maior desafio:
— Eu acho que a graça é chegar e tomar café da manhã a hora que for. O carioca busca essa diversidade e no fim de semana nós sempre temos fila. Conseguimos oferecer um menu vasto e que atende a todos os bolsos. Você consegue fazer uma refeição mais simples ou comer um item mais caro.
Assim como o Empório, o Arp Bar, no Arpoador, investe na combinação de um bom café da manhã com uma bela vista, das 7h às 12h, e se tornou point de comemorações.
— A procura é muito grande porque somos o único restaurante do Rio com toda essa possibilidade de areia e mar — afirma o chef Lucas Lemos.
O presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio (SindRio), Fernando Blower, afirma que o crescimento do setor é uma tendência no Rio. Blower acredita que o número de estabelecimentos aumentará com a procura:
— É um movimento de mudança de comportamento contínuo, tanto do lado da demanda quanto da oferta.
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