A multinacional chilena Arauco prevê a construção de “postos de saúde” nos alojamentos e um hospital no canteiro de obras para atender os 14 mil operários que vão trabalhar na construção da fábrica de celulose em Inocência. A estrutura própria de saúde para atender os funcionários será um dos destaques do projeto que terá investimento de US$ 4,6 bilhões – o equivalente a R$ 27,4 bilhões com base na cotação desta quarta-feira.
O Comitê Gestor vai definir as ações necessárias para a mitigação da indústria, que deverá entrar em operação em 2027 e ficará a 50 quilômetros do perímetro urbano de Inocência. De acordo com o diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Arauco, Theólifo Militão, serão definidas ações em nove áreas, como segurança, educação, saúde, habitação, assistência social, meio ambiente, entre outras.
Como a previsão é contar com 14 mil operários no pico da obra, que deverá durar oito meses, haverá um aumento de 160% no número de moradores atuais. Após a conclusão da fábrica, a previsão é de que a população local dobre, passando de 8,7 mil para 14 mil a 16 mil habitantes.
A Arauco vem realizando parcerias com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), da Fiems, e o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), da Famasul, para capacitar os trabalhadores locais. A prioridade será a contratação de mão de obra da cidade e dos municípios vizinhos.
No entanto, Militão admite que a maior parte deverá vir de outros estados brasileiros, repetindo o fenômeno verificado na construção das fábricas de celulose da Eldorado, em Três Lagoas, e da Suzano, em Ribas do Rio Pardo.
Saúde top de linha
Uma das ações definidas para mitigar a chegada dos trabalhadores será a construção de alojamentos próprios. A Arauco planeja construir os locais para receber os operários com base nas premissas sociais, de conforto, boas acomodações e alimentação.
A empresa também planeja construir um pronto de atendimento médico em casa alojamento para atender os casos de urgência. Os casos mais graves serão encaminhados para a unidade a ser construída no canteiro da obra e terá capacidade para oferecer o atendimento hospitalar para todos os funcionários da Arauco.
Os empregados terão plano de saúde suplementar para serem encaminhados para hospitais particulares de fora em uma ambulância da própria empresa dos casos mais graves.
Os alojamentos serão construídos em uma área que fica a 10 quilômetros de Inocência e a 40 quilômetros da fábrica. No local, além das unidades de saúde, os trabalhadores terão espaços de lazer e serviços.
A previsão é de que o local se transforme na Vila da Arauco e conte entre 600 e 700 casas. A expectativa é de que a população inicial chegue a quase 2 mil moradores.
Cronograma
A Arauco mantém o cronograma definido para a construção da fábrica de celulose, que terá capacidade para produção de 3,5 milhões de toneladas por ano e vai bater a da Suzano em Ribas como maior unidade do mundo. A empresa deverá gerar aproximadamente 6 mil empregos diretos.
Theófilo Militão admite que a ampliação na capacidade de 2,5 milhões para 3,5 milhões vai forçar a multinacional a rever a proposta inicial de construir uma segunda linha de produção. O projeto previa dobrar a produção e chegar a 5 milhões de toneladas por ano.
A terraplanagem deve ser concluída no primeiro semestre do próximo ano, quando será iniciada a obra de construção da indústria. O lançamento da pedra fundamental deverá ocorrer no segundo semestre de 2025.
Na próxima terça-feira (17), a empresa inaugura em Inocência da Casa da Arauco, uma espécie de escritório e museu para contar a história da companhia e mostrar para a população local como é o processo de produção e o que é a celulose.
Um dos destaques serão dois quadros da artista, Por do Sol no Pantanal e Araras, da plástica Lázara Lessonier, que é de Inocência.