A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) solicitou ao governo federal que aumente ainda mais as taxas para os carros importados da China. As montadoras brasileiras consideram que o aumento das tarifas que será aplicado em julho ainda é muito baixo, o que, segundo elas, prejudica a indústria nacional.
No momento, os veículos elétricos e híbridos (de todos os tipos) têm alíquotas de 10% e 12%, respectivamente. A partir do dia 1° de julho, os valores sobem para 25% para híbridos leves e plenos, 20% para plug-ins e 18% para elétricos.
Para o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, o aumento do imposto que entra em vigor em julho não é suficiente para assegurar a justa competitividade.
A Anfavea prevê um aumento de 6,1% nas vendas de carros, no Brasil, até o fim de 2024. (Imagem: Getty Images)Fonte: GettyImages
“Continuamos reféns das importações. Elas atacam a nossa competitividade, agora e no futuro. Se o Brasil quiser ter um olhar à frente, ser um grande competidor, precisamos analisar as importações com viés de preocupação. Com este volume crescente hoje é um risco para nossa indústria”, disse Leite em entrevista ao portal AutoData.
Por isso, a organização solicitou a antecipação de um valor mais alto do tributo para os veículos elétricos, que é de 35%. Essa taxa foi estipulada pelo governo federal, mas só deve entrar em vigor em 2026, de acordo com os termos atuais.
Forte concorrência com os importados
Nos cinco primeiros meses de 2024, houve um aumento de 38% nas importações de veículos em relação ao mesmo período de 2023. Desse volume, 82% dos modelos vieram da China. O país também tem sido a maior preocupação do setor nos EUA e Europa.
A previsão é de que a chinesa BYD venda 120 mil carros no Brasil até o fim deste ano, todos importados. (Imagem: Getty Images)Fonte: GettyImages
A BYD deve fechar este ano com 120 mil carros vendidos no Brasil, sendo que a produção em sua fábrica na Bahia ainda nem começou. No entanto, Leite considera que a ameaça abrange montadoras de outros países que possuem fábricas na China. Elas podem considerar trazer de lá em vez de produzir aqui, caso as tarifas compensem.
Já a Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) se posicionou contra a Anfavea. A entidade emitiu nota afirmando que medidas protecionistas são ineficazes e prejudiciais a toda cadeia automotiva, em especial ao Brasil.