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Megaestruturas alienígenas: evidências de civilizações avançadas ou da criatividade humana?

[ Coruscant, na ficção Star Wars, é uma civilização do Tipo 1. Créditos: jfliesenborghs ]

Em apenas alguns milhares de anos, a humanidade saiu das cavernas, criou o Nokia Tijolão, construiu as pirâmides, dominou a eletricidade e chegou ao espaço. Se em tão pouco tempo de evolução fomos capazes de fazer isso tudo, imaginem o que uma civilização alienígena, com milhões, ou até bilhões de anos de avanço tecnológico, seria capaz de realizar! 

Alguns cientistas imaginam que sua tecnologia seria tão avançada que eles poderiam construir megaestruturas ao redor de suas estrelas para captar toda a energia que precisassem. Enquanto alguns vasculham o Universo à procura dessas estruturas, que seriam evidências extraordinárias da existência de vida inteligente fora da Terra, outros afirmam que essas megaestruturas alienígenas são apenas provas inquestionáveis da criatividade humana.  

Quem iniciou esse debate foi o astrofísico russo Nikolai Kardashev, que em 1964 propôs uma escala para classificar o nível tecnológico de uma civilização com base na quantidade de energia que ela consegue aproveitar. Segundo ele, civilizações do Tipo 1 seriam capazes de utilizar toda a energia disponível em seu planeta natal. 

[ Coruscant, na ficção Star Wars, é uma civilização do Tipo 1. Créditos: jfliesenborghs ]

Agora imagine se a humanidade tivesse a capacidade de usar toda a energia disponível na Terra. Aproveitar cada queda d’água, cada centímetro quadrado de luz solar, cada átomo de elemento radioativo, energia dos ventos, das marés… Enfim, se isso te parece improvável, saiba que o Tipo 1 é apenas o menos desenvolvido na escala de Kardashev. E nós, humanos, ainda nem chegamos nesse nível. 

O nível seguinte é o das civilizações do Tipo 2, que conseguiriam aproveitar toda a energia de sua estrela mãe, e as do Tipo 3, seriam capazes de aproveitar toda a energia de uma galáxia inteira.

Bom, Kardashev teorizou que as civilizações do Tipo 3 provavelmente não existem e as do Tipo 1, seriam muito difíceis de serem detectadas. Já as do Tipo 2, para captar toda a energia de sua estrela, precisariam construir estruturas tão grandes que poderiam ser detectadas. A existência de estruturas assim já havia sido proposta nos anos 60 pelo físico e matemático inglês Freeman Dyson, as chamadas Esferas de Dyson. Mas apenas recentemente, a nossa tecnologia nos permitiu procurar por evidências de que elas realmente existem.

[ Créditos: Renaud Roche ]

Nossos telescópios ainda não têm a capacidade de observar diretamente uma Esfera de Dyson. Por isso, essa busca é feita a partir da análise de anomalias nas curvas de luz de estrelas ou pela identificação de assinaturas de calor que indicariam a presença de objetos artificiais gigantescos. Em 2015, por exemplo, um artigo no The Astrophysical Journal levantou a possibilidade de uma megaestrutura alienígena estar provocando variações peculiares no brilho da Estrela de Tabby. Hoje, essa é uma hipótese considerada improvável, mas recentemente, dois estudos que analisaram as emissões de infravermelho de quase 5 milhões de estrelas, encontraram sinais de possíveis esferas de Dyson em 60 delas. Mas não se empolgue, as chances são muito pequenas.

[ Variações peculiares no brilho da Estrela de Tabby atribuidas inicialmente à uma megaestrutura alienígena em construção – Créditos: Hereford Arizona Observatory ]

Isso porque construir uma megaestrutura ao redor de uma estrela é muito mais do que um enorme desafio tecnológico. Exigiria uma quantidade tão absurda de matéria-prima que seria necessário destruir vários planetas para conseguí-la. A energia empregada nesta incrível obra da engenharia espacial seria tão grande que os ETs precisariam roubar vacas por toda a galáxia só para pagar a conta de luz.

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As chances são pequenas, sim, mas em favor dos mega-empreiteros cósmicos está a imensidão do Universo. 

Há uma passagem n’O Guia do Mochileiro das Galáxias que fala sobre como a imensidão do Cosmos afeta as estatísticas. O Universo é tão incomensurável grande, com uma variedade tão infinita de estrelas e planetas, que o mundo mais absurdo que você possa imaginar, é possível. Até mesmo um planeta onde colchões falantes vivem em pântanos, provavelmente existe em algum lugar do Universo. 

Mas ficção à parte, quando olhamos para a vastidão do Universo e as infinitas probabilidades que ele nos oferece, até mesmo a mais ínfima possibilidade da existência de uma civilização com tecnologia e disponibilidade de recursos para construir uma esfera de Dyson ao redor de sua estrela, tem chances grandes de ser realidade em algum lugar do Cosmos.

Até o momento, não achamos nenhuma evidência mais clara da existência destas megaestruturas alienígenas. Mas a busca continua! Afinal, encontrar apenas uma delas seria uma prova inequívoca da existência de vida alienígena tecnologicamente desenvolvida. Não as encontrar seria mais uma demonstração da incrível criatividade humana, capaz de imaginar civilizações num estágio tão avançado, que poderiam fazer algo que parece realmente impossível. Ou talvez signifique apenas que não procuramos direito. 



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