Diego, que se encontrou com Aparecida neste domingo, foi quem levou o garoto ao hospital e depois voltou ao local do acidente para resgatar braço decepado, que foi reimplantado O domingo foi de reencontro para a vendedora ambulante Aparecida Cristina Guimarães com o “anjo da guarda” que socorreu seu filho, após acidente com um coletivo que seguia da Zona Sul para a Zona Norte, na noite de sexta-feira. A mãe não escondeu o sentimento de gratidão com o mototaxista e entregador por aplicativo Diego Mendes. O ônibus da linha 476 (Méier-Leblon) tombou ao descer o viaduto da Linha Vermelha, em São Cristóvão. Entre as vítimas estava o menino Davi, de 8 anos.
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O menino teve o braço direito decepado no acidente ocorrido na noite de sexta-feira. O membro foi reimplantado pela equipe do hospital Quinta D’or, em São Cristóvão, após ser resgatado por Diego, que também havia levado mãe e filho à unidade médica. O rapaz, que agora é uma espécie de “padrinho” da criança também não escondeu a ansiedade em revê-lo e com a saúde restabelecida.
Desde a noite do resgate, Diego mantém contato constante com a moradora do Jacaré, na Zona Norte, que permanece acompanhando a internação do filho. O acidente deixou 26 pessoas feridas, no total.
Durante a conversa, em frente à unidade hospitalar, Aparecida relembrou os momentos vividos antes do acidente. Ela disse que não querer voltar a trabalhar nas ruas. Muito menos ter que levar o filho com ela.
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A mãe contou que na sexta-feira resolveu vender doces em frente a um mercado no Leblon, por estar sem mantimentos em casa. Por esse motivo, ela resolveu mandar o filho para escola antes de partirem, pois lá ele teria o que comer. Quando o menino chegou em casa na parte da tarde, resolveram seguir para o “outro lado da cidade”, como a mineira se refere à Zona Sul.
—Só tenho o que a gradecer a Deus e ao Diego, esse anjo. Agora não quero que ele saia nunca mais de nossas vidas. Eu hoje poderia estar sem meu filho. Quando algo assim acontece com a gente é que damos conta. A vida é uma caixinha de surpresa. Só sei que de agora em diante não vou mais precisar voltar para ruas, porque nossas vidas vão mudar. Tudo tem propósito— acredita.
Diego que passou pelo local do acidente após o ônibus tombar, não imaginava que se tornaria um dos principais personagens daquela noite. Ele conta que viu o menino assustado e sem o braço, chegou perto dele e colocou mãe e filho na garupa. Sob a forte pressão emocional, diz que precisou parar duas vezes no caminho pedindo ajuda para encontrar o hospital.
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—Cheguei com eles correndo pela emergência. E ele ficou perguntando pela Pandora, a cachorrinha deles. Voltei ao local e fui perguntando para quem estava lá se tinham visto o animalzinho. Foi nesse momento que uma bombeira perguntou se eu poderia levar o braço dele que estava numa sacola (com gelo). Coloquei tudo na caixa de entrega da moto e voltei para hospital. A ficha só começou a cair horas depois, quando liguei para minha mãe. Agora só quero poder ver o Davi e dar um abraço nele e continuar por perto deles — disse Diego, morador do Rio Comprido, afirmando que ainda não conseguiu dormir direito depois de tudo.
Pandora, a cadela, foi acolhida por uma amiga da família. Davi cursa o segundo ano do ensino fundamental e sua paixão pelos livros enche a mãe de orgulho.
—Meu filho é um anjo.Todo papel que vê pela frente quer ler. Ele passou por tudo aquilo e se manteve lúcido e isso acabou levando certa tranquilidade para mim —afirmou.
Aparecida conta que também recebeu todo o apoio da equipe médica da unidade de saúde e foi submetida a um checkup completo. No entanto, ela saiu sem nenhum arranhão.
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No ônibus, mãe e filho estavam sentados em bancos separados. Davi queria se acomodar no canto e na poltrona do alto, ela ficou com o restante do material de trabalho e com a Pandora a tira colo, no lado esquerdo do coletivo.
Além de Davi, seis vítimas do tombamento do veículo permanecem internadas em hospitais da rede municipal. Um paciente está em estado grave, porém estável, e os demais apresentam quadro de saúde estável.
Outra vítima do acidente, o fotógrafo Fernando Yinni Ferreira, de 35 anos, conta que voltava do trabalho, quando entrou no 476, num ponto da Rua Bartolomeu Mitre, no Leblon. De acordo com o rapaz, que sofreu ferimentos leves, o motorista começou a andar em alta velocidade assim que entrou no túnel Santa Bárbara.
Fernando, que estava de pé na roleta, assistia ao jogo da seleção brasileira no celular, quando percebeu que o motorista perdeu o controle na curva, em São Cristóvão, e conseguiu guardar o aparelho no bolso. Com o peso de outra passageira pressionando o corpo dele, o fotografo conseguiu tirar o pé que estava preso em dos ferros retorcidos do veículo após o tombamento.
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— Cena muito triste. Vi diversas pessoas com braços e pernas quebradas. Também vi uma criança sem o braço. Havia gritaria e todo mundo muito nervoso. Na hora, a gente fica meio em choque, sem entender o que está acontecendo. É uma situação que nunca mais vou esquecer. A gente vê isso na TV ou num filme, mas quando é com a gente é tudo diferente. Estou bem, mas ainda impactado — relatou.
O caso foi registrado na 17ª DP (São Cristóvão). A perícia foi realizada no local e as vítimas, que foram socorridas para hospitais da região, estão comparecendo à delegacia para prestar depoimento, a medida que recebem alta médica. Diligências estão em andamento para esclarecer todos os fatos segundo a polícia.
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