Em entrevista à Contigo!, Lucélia Santos, em cartaz em São Paulo, fala sobre seus trabalhos na TV, o cenário atual da teledramaturgia e planos para o teatro
Lucélia Santos segue como um parâmetro para as novelas brasileiras. Em cartaz em São Paulo na peça Vestido de Noiva, clássico de Nelson Rodrigues, a atriz fala em entrevista à Contigo! sobre sua presença marcante nas novelas brasileiras e o cenário atual da teledramaturgia. “Não tenho televisão”, revela.
Recentemente, a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) abordou a icônica novela Escrava Isaura (1976), protagonizada por Lucélia Santos, para discutir sobre o gênero da telenovela brasileira. Questionada sobre a situação, Lucélia não poupa elogios. “A Isaura é uma lenda”, comenta a atriz ao se referir ao sucesso da trama, que foi vendida para mais de 80 países e chegou a parar guerras.
Apesar de todo o cenário da telenovela à época, quase 50 anos depois, Lucélia afirma que já não pode avaliar direito atualmente o formato porque não tem televisão. “Eu vejo esporadicamente algumas cenas, mas eu acho que a linguagem foi se desgastando. Pra fazer eu faria se criassem um personagem estruturado. A questão é a dramaturgia“, argumenta.
‘AS PERSONAGENS SOBREVIVEM’
A última novela de Lucélia Santos foi Na Corda da Bamba, na TVI, TV portuguesa, em 2019. No Brasil, Lucélia Santos não atua em um folhetim desde Cidadão Brasileiro, novela de Lauro César Muniz levada ao ar em 2006, há 18 anos, na Record. Ainda assim, a atriz é referência como protagonista feminina de novelas e coleciona o imaginário de milhões de brasileiros. Questionada sobre, Lucélia explica:
“Eu sou parâmetro. Isso não tem jeito, mas por quê? As personagens sobrevivem. Escrava Isaura tem mais de 40 anos, tem qualidade e não é só o meu trabalho, é a escrita. O grande problema hoje é esse“. Para a atriz, o que é de qualidade não se apaga. “E não é só meu trabalho. Tem meu talento somado, mas basicamente a questão é a estrutura, é o texto, é a carpitantaria teledramatúrgica. E não sou eu que estou dizendo, mas as pessoas que escrevem na minha página que estão me vendo no Globoplay. Eu tenho muito orgulho de todo meu trabalho na TV, acho que consegui imprimir uma marca que está lá no catálogo“, conclui.
Além de Escrava Isaura, Lucélia Santos viveu personagens marcantes em tramas na Globo como Locomotivas (1977), Água Viva (1980), Ciranda de Pedra (1981), Guerra dos Sexos (1982) e Vereda Tropical (1985) . A última novela da atriz na Vênus Platinada foi Sinhá Moça (1986).
Fora de lá, Lucélia protagonizou Carmem (1987), na Manchete, trama de Gloria Perez a qual classificou como “a mais dificil” de fazer. Também deu vida a personagens em Brasileiras e Brasileiros (1990),Sangue do Meu Sangue (1995) e Dona Anja (1996) no SBT.
VOZES NO TEATRO
Atualmente Lucélia Santos pode ser vista na pele da icônica Madame Clessi, personagem de Nelson Rodrigues em Vestido de Noiva, peça com direção de Helena Ignez em cartaz no SESC Consolação, em São Paulo. Desde 2022, a atriz encena também seu espetáculo Vozes da Floresta – Chico Mendes Vive. que já passou pelo SESC Ipiranga, por unidades dos CEUs, pelo interior de São Paulo e também por outros estados.
No próximo ano, Lucélia pretende retomar a temporada da peça que narra a memória da luta de Chico Mendes, sob a companhia e o olhar histórico de Valdiza Alencar e Cecília Mendes. “Adoro esse trabalho e agora quero ir pro Amazônia, Acre, Pará, Roraima, Rondônia, que tem muito a ver com a peça e também tem muito a ver comigo porque é o teatro que eu posso, que depende de mim, boto mochila nas costas, saio com equipe pequena e pé na estrada“, conta a atriz, que também trabalha para tentar levar o espetáculo para Portugal.
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