Em entrevista à Contigo!, Letícia Mag fala sobre construção de personagem em longa histórico e reflete sobre persistência da violência contra a mulher
Em cartaz nos cinemas como Hadassa no longa As Polacas, Letícia Mag contracena com Valentina Herszage, Caco Ciocler e leva para as telas a conexão com sua origem judaica e a força feminina que transpassa séculos. Em entrevista à Contigo!, ela fala sobre encarnar a personagem sofredora e guerreira: “Muito difícil ser mulher“, desabafa.
Além da dor e da luta
As Polacas retrata a dura realidade de mulheres polonesas imigrantes no Brasil, que, ao buscar uma vida melhor, se deparam com a exploração e violência. Letícia, que estreia no cinema nacional, mergulhou de forma intensa na história de Hadassa, uma mulher judia que enfrenta a promessa frustrada de uma nova vida, e em sua jornada pela liberdade, não só luta contra os abusos, mas também pela sua dignidade.
“A primeira coisa que fiz foi querer saber quem foram essas mulheres e suas histórias, então procurei em livros, palestras, artigos e alguns arquivos virtuais com notícias e fotos deste período“, conta sobre a aproximação com o universo do filme. A partir das pesquisas, a intérprete compreendeu o contexto histórico, político, social e cultural da época: “Isso me permitiu um mergulho aprofundado nas questões que precisávamos trazer para as nossas personagens“.
Apesar de encarnar uma mulher que vivia em situação de miséria, foi enganada, abusada e traficada, Letícia enfatiza a força e resiliência da personagem: “Quando ela chegou ao Brasil, viu que havia sido enganada, porém, além dela lutar com suas irmãs pela Sociedade da Verdade para terem a sua liberdade e direitos, percebeu que poderia realmente ajudar a sua família e fez do limão uma limonada“, confidencia sobre a história.
Força feminina
No longa, Letícia vive uma mulher que se vê envolvida em uma rede de prostituição, mas que, ao lado de outras vítimas, encontra forças para mudar seu destino. “É muito difícil ser mulher e ver que antigamente algumas violências eram permitidas e regulamentadas, reforçando esse lugar da mulher objetificada e submissa ao homem“, diz.
Apesar da narrativa do cinema se passar em um passado considerado distante, a intérprete observa que, ainda hoje, a violência contra a mulher persiste de forma alarmante e precisa ser constantemente abordada. “Acho importante ressaltar que precisamos sempre alertar a população sobre a violência de gênero. Famílias são devastadas pela violência e não há um dia sequer que não apareça pelo menos uma vítima de feminicídio nos noticiários“, completa.
Com As Polacas, além de lançar luz sobre o tema no passado e no presente, Letícia espera honrar as personagens históricas retratadas e trazer reflexão ao público: “Foi muito doloroso ler as condições e situações pelas quais elas eram colocadas, e honrar a história delas dando voz a sua existência e feitios na época, fazendo as pessoas revisitarem o passado, pensarem e se questionarem sobre tudo isso dá sentido a minha existência e ao meu ofício como atriz“.
Objetivos como atriz
A atriz busca, em sua trajetória, se distanciar de papéis que reforçam estereótipos e rótulos, almejando personagens que sejam mais do que as limitações impostas pela sociedade. “Tenho cada vez mais me colocado em diferentes situações, seja em práticas, estudos ou vivências“, reflete Letícia, que destaca o desejo de se aprimorar como uma atriz observadora-criadora.
“Antes de ser ator, é um ser humano questionador, que olha em volta, entende as suas vivências, que procura entender os conflitos que ocorrem no nosso mundo, mas principalmente no nosso país, que quer se desconstruir, construir, estudar, procura saber o que fazer com a sua existência, e uma das minhas buscas é como imprimir isso tudo no meu trabalho como atriz em cena“, pontua.
Com otimismo, a atriz espera colher em 2025 os frutos de seus trabalhos em 2024 e avançar em seu caminho no audiovisual: “Meu maior objetivo atualmente é me projetar cada vez mais para o mercado de trabalho dentro do audiovisual“, conclui.
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