O Brasil não aproveitou o legado de Gustavo Kuerten para fazer do tênis um esporte popular e com diversos ídolos no país, mas a ascensão meteórica de João Fonseca pode ser o catalisador que faltava para o mercado se consolidar.
A campanha do garoto de 18 anos no Australian Open deu sinais claros dessa tendência. João Fonseca foi destaque em programas de TV Aberta, capa de jornais e um dos termos mais buscados no Google. Na ESPN, que exibiu os dois jogos do atleta, o aumento da audiência foi de mais de 400%.
O Diário do Tênis teve um crescimento de 250% de audiência no começo de janeiro em relação aos 15 primeiros dias de dezembro. Um perfil na rede social X, com atualizações sobre João Fonseca, ganhou 14 mil seguidores só neste mês. O próprio tenista triplicou o número de seguidores no Instagram, passando de 700 mil.
No dia 6 de setembro do ano passado, no lançamento do documentário Guga por Kuerten, perguntei ao ex-número 1 do mundo se o sucesso de João Fonseca poderia mudar o cenário do tênis no Brasil.
“Sem dúvida. Já tivemos um episódio, as informações estão mais escancaradas para todos, temos um trabalho melhor na confederação. Um catalisador pode nos dar uma velocidade de ruptura para chegar lá. Se for três gerações de sucesso, não para mais. Se vier uma referência…”, disse Guga.
O mercado está pronto para “surfar” na onda de um novo ídolo. Só neste começo de ano, Thiago Wild, número 1 do Brasil, anunciou dois novos patrocinadores (Banco BRB e da Prognum), Laura Pigossi, número 2 no feminino, renovou com a Asics por mais dois anos, a Rede Tênis, equipe que formou Bia Haddad e trabalha com duas outras grandes promessas do esporte, Nauhany Silva, a Naná, e Livas Damazio, fechou acordo com a Prudential.
Os torneios no país estão aumentando e melhorando de nível. O Challenger de Piracicaba, que acontece no final do mês, agora é categoria 100 e distribuirá US$ 160 mil em premiação. O torneio da Costa do Sauípe voltou ao calendário, teremos o Rio Open com Fonseca, mas também com o número 2 do mundo, Alexander Zverev. E mais um torneio da WTA está perto de ser confirmado.
Falta o catalisador.
João Fonseca, que foi o grande assunto da primeira semana do Australian Open, por ser a peça que faltava para mudar o patamar do tênis no Brasil.
* Giovane Martineli é formado em jornalismo pela Unesp e tem MBA em gestão e marketing esportivo pela Trevisan. Atualmente, é publisher do Diário do Peixe e do Diário do Tênis,