A simples venda de espetinhos de carne, daqueles populares, causou um verdadeiro e inusitado terremoto político na cidade de Eldorado, distante 445 km da capital Campo Grande. O problema é que a comercialização é realizada pela Fundação Hospitalar de Eldorado única instituição pública de Saúde da cidade.
O polêmico evento ocorre neste sábado (16) e o convite leva justamente a assinatura da Fundação Hospitalar, junto com uma frase de efeito: ‘colabore com essa causa’. Mesmo com a boa causa, o efeito foi imediato.
“Que vergonha viu prefeito Léo, o senhor como prefeito do município deixar. Espetinho pra fazer o quê?”, questionou um morador de Eldorado. Léo é Aguinaldo dos Santos, prefeito da cidade, eleito em 2020 pelo Patriota
A indignação se alastrou pela cidade do Cone-Sul do Estado. Não é pra menos: o hospital recebe uma polpuda verba pública para se manter. O município entra com 100 mil reais a cada 30 dias; o Governo do Estado mais 100 mil reais, fora a verba enviada pelo Governo federal, tradicionalmente o maior mantenedor dos hospitais públicos brasileiros. O prefeito Leo e a vice, Fabiana Maria Lorenci, que também é secretária de governo do município são questionados pela gestão do hospital, que recebe repasses e está vendendo espetinhos.
A Fundação é gerida por um conselho curador com oito nomeados, quatro indicados pela prefeitura, três pela sociedade civil e um pelos funcionários. Oficialmente, a Fundação Hospitalar de Eldorado Terezinha Aparecida Piroli tem, conforme dados do SUS, 23 leitos, e nega qualquer pedido de dinheiro. A ‘ação do espetinho foi uma iniciativa dos funcionários da mesma, sem envolvimento nenhum com a prefeitura, e toda a arrecadação será usada em favor da Fundação para manutenções em geral e melhorias extras. A Prefeitura Municipal, Governo do Estado e Federal estão fazendo o repasse normalmente’.
Mesmo com a posição da instituição, o caso segue dando o que falar na cidade, que se revolta com a Saúde municipal. “Pra que pagamos IPTU, tudo quanto é imposto, pra agora fazer espetinho? Papelão, envergonhar nosso município””, relatou outro morador da cidade.