Faixa de exibição na grade da Globo foi prejudicada por baixa audiência em trama com críticas sociais e implementação de horário eleitoral
Em 31 de julho de 1978, a Globo estreava Sinal de Alerta, obra do autor Dias Gomes que marcou o fim da faixa das 22h da emissora. A novela sofreu com a baixa audiência e não teve boa repercussão entre o público. Apesar disso, foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor novela do ano. A faixa de exibição, na época, já estava deteriorada e enfrentou outros fatores negativos, como o horário eleitoral.
Sinal de Alerta trazia temas modernos e polêmicos para o período, como a discussão sobre o meio ambiente e a exploração do trabalhador. Dias Gomes, inclusive, conquistou a antipatia da classe de poderosos que se identificaram com o empresário Tião Borges (Paulo Gracindo), dono da fábrica poluidora e vilão da história.
A obra chegou a trazer personalidades como o arquiteto Oscar Niemeyer e Ruth Christie, então presidente da Campanha Popular em Defesa da Natureza, para darem depoimentos em cena sobre a questão ecológica e a importância da preservação do ecossistema, mas isso não foi suficiente para segurar a atenção do público.
Além do desinteresse pelo enredo, a trama sofreu com a implementação do horário eleitoral: entre setembro e novembro de 1978, o horário gratuito concedido ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) entrou no ar, o que obrigou a Globo a apresentar a novela às 23 horas e diminui ainda mais a audiência da faixa de exibição.
Com o fim do horário político em novembro, a emissora decidiu exibir um compilado de dez capítulos de toda a novela, o que atrasou em duas semanas a exibição de capítulos inéditos de Sinal de Alerta. Após a retomada da novela, para auxiliar o autor Dias Gomes, foi convocado Walter George Durst, que colaborou nos trinta capítulos finais.
O que aconteceu com o horário?
Depois de Sinal de Alerta, o horário das dez foi ocupado por uma reprise de Gabriela. Com o fim da exibição, a emissora lançou uma série de seriados nacionais que se tornaram padrão do horário, como Malu Mulher, Plantão de Polícia e Carga Pesada, além de programas da linha de shows.
Ao longo dos anos, o horário foi usado para exibição de vários tipos de produções: em 1983, foi ocupado por Eu Prometo, um pedido de Janete Clair para a emissora exibir sua última novela. Em 1990, a Globo lançou Araponga (escrita por Dias Gomes, Lauro César Muniz e Ferreira Gullar) em um horário alternativo, às 21:30, mas a novela concorria com o fenômeno Pantanal, da TV Manchete.
Com o remake de O Astro em 2011, a quarta faixa de exibição foi reativada, dessa vez às 23 horas. Apesar de O Astro ter sido muito bem sucedida, a Globo optou pela vinculação não contínua de histórias. O último grande sucesso da faixa foi Verdades Secretas, a primeira obra original do horário, escrita por Walcyr Carrasco (72) e exibida em 2015.
Desde 2019, após o cancelamento de Sem Limite e Irmãos de Sangue, tramas de Euclydes Marinho (74), o horário não tem conteúdo original em exibição. A última história anunciada como novela das onze foi Todas as Flores, de João Emanuel Carneiro (54), trama original do Globoplay, condensada para exibição na TV aberta.