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Há 45 anos, Tupi estreou novela polêmica recusada pela Globo

Há 45 anos, Tupi estreou novela polêmica recusada pela Globo

Em plena Ditadura Militar, Globo negou novela que abordava os problemas sociais causados pelo regime no país e a obra foi desenvolvida pela TV Tupi

Em 6 de agosto de 1979, a emissora pioneira do Brasil, TV Tupi, estreava Dinheiro Vivo, obra de Mário Prata recusada pela Globo por abordar tema polêmico para a época. Na obra, o autor usou a história de Flávia (Márcia Maria) e Zé Márcio/Guto (Ênio Gonçalves) para explorar a violência e perseguição contra vários grupos sociais durante a Ditadura Militar.

O palco central da novela era o game show fictício Três Milhões de Cruzeiros, apresentado na obra por Douglas Fabiani (Luiz Armando Queiroz). Entre os participantes do programa, estava Zé Márcio Garcia de Oliveira, um ex-seminarista que concorria pelo prêmio respondendo a perguntas sobre o Papa João XXIII. O programa, sucesso da TV, era visto por Flávia, que reconhece no candidato ao prêmio máximo seu ex-namorado Guto, dado como morto após uma caçada realizada na Via Dutra contra estudantes que participavam de movimentos estudantis.

Prestes a se casar com Eduardo (Flávio Galvão), Flávia fica atordoada e começa a pensar na possibilidade de o falecido namorado ter sobrevivido e ser o ex-seminarista Zé Márcio.

A metalinguagem da TV

A trama de Mário Prada tinha semelhanças criativas com Espelho Mágico, novela de Lauro César Muniz exibida pela Globo em 1977. Em Espelho Mágico, o autor apresentava a produção e o cotidiano de atores em uma novela, além da exibição de capítulos para a obra fictícia, como enredo principal. Em Dinheiro Vivo, Prada também exibia todo o processo de construção do game show, da produção até a exibição.

Assim como sua sucessora na exploração da metalinguagem, que não foi bem recebida e compreendida pelo público, Dinheiro Vivo enfrentou problemas para conquistar a audiência: o primeiro deles era que a novela concorria diretamente com o grande sucesso Marron Glacé, obra da Globo lançada no mesmo dia e horário que a trama da Tupi. O segundo grande desafio foi que a emissora estava em processo de falência, o que prejudicou consideravelmente várias obras da grade. 

Apesar de não vingar com o público, a trama de Mário Prada lançou ao estrelato grandes nomes da teledramaturgia brasileira, como Maitê Proença, Cristina Pereira e Imara Reis. Na história, Maitê dava vida à ingênua Joaninha, que respondia perguntas sobre o cantor Roberto Carlos na busca pelo prêmio máximo do game show e terminou com tanto sucesso que passou a apresentá-lo com Douglas Fabiani.

Além de Joaninha e Zé Márcio Garcia de Oliveira, os outros concorrentes pelo prêmio eram o Dr. Leonardo Pacheco (Sérgio Mamberti), com perguntas sobre MarilynMonroe; Garapa (CristinaPereira), com perguntas sobre o Corinthians; LuizRobertoGalvão (HenriqueLisboa), com perguntas sobre o Conde Drácula; e AmandaXavier (AnnamariaDias), com perguntas sobre a Estação Primeira de Mangueira.

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