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Globo foi acusada de incesto ao levar tragédia grega para novela há 37 anos

Globo foi acusada de incesto ao levar tragédia grega para novela há 37 anos

Novela da Globo sofreu com censura e trama envolvendo clássico grego teve dificuldades para cativar o público

Em 12 de outubro de 1987, há 37 anos, a novela Mandala estreava no horário nobre da Globo. Baseada na tragédia grega Édipo Rei, escrita no século 5 a.C., a história mesclava dramas reais com um enredo envolvendo poderes paranormais, o que desagradou ao público. Assim como no clássico grego, mãe e filho se apaixonam sem saberem do parentesco, e Mandala acabou acusada de incesto, sofrendo com censura por tocar no tema.

Na época, como resgata o jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, a trama de Dias Gomes passou por uma severa análise da Censura da Nova República, que inicialmente vetou a sinopse por considerar o enredo grego inapropriado para o horário nobre da televisão. Mandala falava sobre incesto, aborto, uso de drogas e bissexualidade, e a novela só foi liberada depois que a Globo se comprometeu a realizar mudanças.

Mesmo com a sinopse inicial aprovada, a trama não escapou de ser censurada novamente: a história trazia um relacionamento romântico entre Jocasta, interpretada porVera Fisher, e Édipo, vivido por Felipe Camargo. Os personagens eram mãe e filho, mas não tinham conhecimento desse fato.

Quando chegou o momento do primeiro beijo de Jocasta e Édipo, o governo proibiu a exibição da cena, alegando que poderia gerar aborrecimento aos telespectadores por ser agressiva. Posteriormente, como o parentesco era desconhecido pelos personagens, a cena foi liberada.

Ao todo, a novela passou pelas mãos de três autores: Dias Gomes, que iniciou a trama e precisou ser afastado por condições de saúde, Marcílio Moraes, que ficou responsável por seguir com o trabalho de Gomes, e Lauro César Muniz, que trabalhou nos capítulos finais de Mandala.

No livro Biografia da Televisão Brasileira, Marcílio falou sobre o trabalho na novela: “Fomos censurados e os autores acompanharam de perto todas as dificuldades para adaptar o texto cortado“, reclamou.

Apesar dos desafios, a novela fez sucesso pelos personagens Argemiro (Carlos Augusto Strazzer) e o bicheiro Tony Carrado (Nuno Leal Maia), que cativam o público pelas interpretações memoráveis, no caso de Nuno, muito cômica.

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