O ministro decano do STF, Gilmar Mendes, concedeu longa entrevista ao site Brazil Journal, sobre a operação Lava Jato. O jurista lamenta que o Supremo tenha sido, à época, emparedado por decisões que vinham da Vara Federal de Curitiba, onde atuava o então juiz Sérgio Moro.
Na conversa, Mendes chega a dizer que a operação se tornou uma máfia no País e, por isso, a necessidade de investigar o que foi feito à época. Sobretudo em relação às prisões alongadas e – para forçar delação premiada – e acordos de leniência com empreiteiras envolvidas, que movimentaram bilhões de reais na Vara de Curitiba. O uso desse dinheiro ainda não foi esclarecido, garante o ministro.
Ainda segundo o Brazil Journal, um dos pontos levantados por Gilmar foi a prisão e delação do então senador Delcídio do Amaral. Na visão dele, o político do MS criou uma grande mentira ao dizer que o banqueiro André Esteves teria oferecido R$ 50 mil ao filho de Nestor Cerveró (ex-diretor da Petrobras).
Amaral teria inventado também que o banqueiro teria até oferecido um plano de fuga para Cerveró, à época preso em Curitiba.
”No fim, verifica-se que Delcídio era um grande mentiroso, tinha engendrado uma série de histórias. O dinheiro não veio de Esteves, aparentemente teria vindo de José Carlos Bumlai [pecuarista, amigo de Lula, condenado no âmbito da Lava Jato]. Construiu-se um grande erro judiciário”.
Gilmar Mendes citou também uma atuação espetaculosa e opressiva da imprensa na cobertura da Lava Jato. Ele também detalhou como articulou dentro da Corte para que o que Moro fosse considerado suspeito e como isso iria mexer nas condenações do então ex-presidente Lula.
Bolsonaro e Moro
Mendes também refletiu que a ida do então chefão da Lava Jato para ser ministro do Governo Bolsonaro levantou suspeitas sobre a imparcialidade dele e contribuiu para conseguir desmantelar a falsa impressão de caça aos corruptos.
O decano lembrou de uma conversa que teve com o ministro da Fazenda Paulo Guedes, que lembrou do episódio em que foi a Curitiba-PR convidar o juiz para ser ministro. Mendes disse a Guedes: ”coloque isso no seu currículo. Coloque que tirar Moro da Lava Jato foi a sua maior contribuição para o País”, ironizou Gilmar.