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Garoto & Garota Jeans: concurso agitou cena fashion de Campo Grande nos anos 80

No final da década de 80 e início dos anos 90, Campo Grande vivia a efervescência da . Desfiles eram organizados para elevar ainda mais o mercado na capital sul-mato-grossense. Nesse cenário, destacou-se o papel dos colunistas sociais em realizar eventos que fomentavam uma extensa cadeia produtiva – produtores, cenógrafos, coreógrafos, figurinistas, assessores de imprensa, entre outros.

Nessa época, o renomado colunista social Alexandre Bilo decidiu criar o concurso Garoto & Garota Jeans. Mais do que um concurso de beleza, o evento era um verdadeiro espetáculo que reunia jovens de todo , em busca do título master.

Um dos integrantes da organização do evento foi o consultor de moda, Julian Medina, que foi convidado por Alexandre para colaborar no backstage. Na ocasião, seu trabalho como bailarino e coreógrafo era muito requisitado, algo que agregou imensamente na produção do concurso. A sua função no concurso era preparar os candidatos para o desfile.

“Como éramos amigos e ele conhecia o meu trabalho, na época, como bailarino e coreógrafo, ele me convidou para fazer parte da sua equipe de produção. Eu não tinha ideia de como seria esse trabalho, que cresceria posteriormente. Então, abracei a causa e o concurso foi tomando forma, de uma maneira despretensiosa”, conta Julian.

O consultor de moda recorda que a primeira edição do Garoto & Garota Jeans recebeu uma grande plateia no Rádio Clube. “Ficou totalmente lotado. Foi sucesso total!”, relembra. Segundo ele, os vencedores do concurso foram Marcos César Reis e Adriana Graeff.

Colunista Alexrandre Bilo foi o criador do concurso Garoto & Garota Jeans. (Reprodução/Página Anos Dourados no Facebook)

Concurso cresceu e se transformou em espetáculo

Julian conta que as inscrições para o concurso eram abertas para qualquer pessoa. Cabia à equipe fazer uma seleção para escolher os melhores perfis. E se engana quem acha que só os campo-grandenses participavam. No interior do estado também havia seletivas.

“Antes do concurso oficial em Campo Grande, havia os concursos no interior do estado, que eram organizados pelos colunistas sociais dessas cidades, como Aquidauana, Bela Vista, Corumbá, Nioaque, Coxim, , Pedro Gomes, Rio Verde, Dourados, Rio Brilhante, Fátima do Sul… E uma semana antes do concurso, os candidatos chegavam para se juntarem aos de Campo Grande e participarem da grande final”, explica Julian.

Ao todo, o concurso contava com cerca de 80 a 100 candidatos, entre meninas e meninos. A fama do evento foi se espalhando e, com o tempo, ele passou a ser mais do que um concurso de beleza, e se transformou em espetáculo.

“Não era mais apenas um desfile de concurso de beleza, eu fazia uma pesquisa de comportamento da época e criava um tema com um roteiro, argumento, e transformava aquilo num grande espetáculo musical com coreografias maravilhosas”, relata Julian.

Concurso Garoto & Garota Jeans. (Reprodução/Página Anos Dourados no Facebook)

Jurados famosos e identidade visual do concurso

Cada detalhe do concurso era pensado para manter a identidade visual da marca Garoto & Garota Jeans. Julian ressalta que foram criados modelos para maiôs, biquínis e sungas. Além disso, cabelo e maquiagem eram determinados pela organização, a fim de manter um padrão.

“Determinávamos a beleza (cabelos e maquiagem), o tipo de sapatos para os trajes, que eram a camiseta padrão do concurso com jeans e depois o traje de banho para finalizar. Era tudo padronizado para que a identidade da marca Garoto & Garota Jeans fosse respeitada”, relata.

O corpo de jurados era composto por celebridades globais, atrizes e atores, personalidades locais, modelos e pessoas inseridas no ramo da beleza. Já os apresentadores eram o radialista Edgar Scaff e a eterna Garota de Ipanema, Helô Pinheiro.

Conconcorrência era acirrada

Além do título Garota & Garoto Jeans, o casal vencedor era automaticamente classificado para o Concuro de Garoto e Garota Ipanema, que acontecia no .

“Nós tivemos uma candidata que foi muito bem nesse concurso lá no Rio e, inclusive, fez sucesso por lá. Cristina Albuquerque, que hoje é uma empresária bem sucedida na área de Turismo”, recorda Julian.

Não é à toa que o concurso era muito concorrido. Por isso, foi preciso limitar o número de vagas para viabilizar as atividades do evento. Isso porque os organizadores prezavam pela qualidade nas edições.

“Eu sempre fui muito exigente e procurava entregar o melhor espetáculo, depois de exaustivos ensaios que aconteciam aos finais de semana no Clube União dos Sargentos”, diz o consultor de moda.

“Eu não me recordo quantas edições foram realizadas, mas eu lembro que a cada edição o público era fiel, e o crescimento era visível quando víamos o ginásio do Círculo Militar totalmente lotado, inclusive com torcidas uniformizadas dos candidatos preferidos”, explica.

Do concurso saíram amizades e ótimas recordações. “Valeu muito ter feito parte desse momento histórico criado pelo saudoso Alexandre Bilo”, conclui Julian.

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