Fundo de Investimento da Arábia Saudita assina parceria com ATP Tour

O Fundo de Investimento Público (PIF), controlado pelo governo da Arábia Saudita, assinou parceria com a ATP Tour. O valor do contrato e o tempo de duração não foram divulgados pela entidade que controla o circuito profissional masculino de tênis. Há alguns meses, o PIF já havia anunciado o interesse em investir no tênis.

“É um grande momento para o tênis. É um compromisso compartilhado para impulsionar o futuro do esporte”, afirmou Massimo Calvelli, CEO da ATP.

“Com a dedicação da PIF à próxima geração, promovendo a inovação e criando oportunidades para todos, o cenário está preparado para um novo período transformador de progresso”, acrescentou o executivo.

“Essa parceria estratégica alinha-se com a nossa visão mais ampla de melhorar a qualidade de vida e impulsionar a transformação no esporte, tanto na Arábia Saudita como em todo o mundo”, declarou Mohamed AlSayyad, diretor corporativo do PIF.

Críticas

Apesar do entusiasmo do dirigente, grandes jogadoras da história do tênis, como Martina Navratilova e Chris Evert, já criticaram a aproximação da modalidade com o país, conhecido por denúncias de desrespeito aos direitos humanos.

No início deste ano, Navratilova e Evert escreveram no jornal Washington Post que estavam preocupadas com a aproximação do tênis com a Arábia Saudita por causa de seu histórico de violações aos direitos das mulheres, direitos humanos e direitos da comunidade LGBTQIAP+.

“Este não é apenas um país onde as mulheres não são vistas como iguais, é um país onde o panorama atual inclui uma lei de tutela masculina que essencialmente torna as mulheres propriedades dos homens”, afirmaram as duas antigas estrelas do ténis em seu artigo no jornal.

“Um país que criminaliza a comunidade LGBTQ ao ponto de ser possível sentenças de morte. Um país cujo histórico de longo prazo em matéria de direitos humanos e liberdades básicas tem sido motivo de preocupação internacional há décadas”, acrescentaram.

Sportswashing

O reino saudita já rejeitou acusações de sportswashing, nome dado ao ato de investir no esporte para melhorar sua reputação, muitas vezes para desviar a atenção de possíveis irregularidades.

Como parte dos investimentos sauditas no esporte, o país anunciou, no início de fevereiro, a criação do torneio 6 Kings Slam, que terá a participação de Novak Djokovic, Rafael Nadal, Daniil Medvedev, Carlos Alcaraz e Jannik Sinnner. A competição está marcada para outubro, em Riade.

O acordo com a ATP é o mais recente investimento do PIF no esporte. Em 2021, o PIF criou o LIV Golf supostamente a um custo de US$ 2 bilhões. O circuito de golfe atraiu muitos dos principais jogadores do esporte para longe do PGA Tour, com sede nos EUA, e do DP World Tour, sediado na Europa, oferecendo grandes prêmios em dinheiro. No ano passado, o PGA Tour anunciou fusão com o LIV Golf.

O PIF também é dono dos quatro principais times de futebol da Arábia Saudita: Al-Ittihad, Al-Hilal, Al-Nassr e Al-Ahli. Foram gastos quase US$ 900 milhões em 2023 na contratação de jogadores internacionais de elite, à medida que a janela de transferências do verão europeu fechava, segundo para dados do Transfermarkt.

Estrelas como Neymar, Benzema, Firmino e Mané se juntaram a Cristiano Ronaldo, cinco vezes vencedor da Bola de Ouro. O português, que tem contrato de dois anos com o Al-Nassr, ganhará US$ 200 milhões por temporada, de acordo com a mídia estatal saudita. Esse vencimento o torna o o jogador de futebol mais bem pago do mundo.

O PIF também lidera o grupo de investidores que comprou o Newcastle, da Premier League, em 2021. O fundo saudita é o sexto maior do mundo, com ativos de US$ 776 bilhões, segundo o Sovereign Wealth Fund Institute.

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