Chega o final do ano, o fim da temporada, e com ele surgem possibilidades de mudança. Nas notícias, sempre vemos jogadores avaliando se permanecem no clube, renovam contratos ou partem para novos desafios. Muitas decisões envolvem a diretoria, o treinador e a vontade do jogador. Porém, a mudança não afeta apenas o profissional, mas também sua família, impactando rotinas, escolas, amizades e o dia a dia. Por isso, essas escolhas são tão importantes.
Esse mesmo cenário se aplica ao ambiente corporativo. Um profissional que considera trocar de emprego ou assumir um novo cargo enfrenta dúvidas semelhantes: como a mudança afetará não apenas sua carreira, mas também sua vida pessoal e as pessoas ao seu redor?
Nessa fase, a incerteza aumenta a ansiedade. Muitos fatores, como a situação econômica do clube ou da empresa, as possibilidades de crescimento e os objetivos futuros, podem prolongar decisões importantes. No futebol, como no mundo corporativo, o impacto dessas escolhas vai além do presente, moldando o futuro.
Vivi essas situações ao longo da minha carreira. Mesmo com contratos mais longos, surgiam decisões difíceis: permanecer e enfrentar novos desafios, como um treinador com outro sistema tático, ou buscar novos caminhos. Lembro-me de quando estava na Juventus, com um contrato de quatro anos, mas optei por sair após a primeira temporada. Um novo treinador não utilizava um sistema que favorecesse meu estilo de jogo como camisa 10. Ainda jovem e impaciente, decidi voltar à Alemanha, onde tinha boas propostas e já havia conquistado reconhecimento. Não me arrependo da decisão, porém, olhando hoje, teria escolhido continuar na Juventus por mais tempo, aprendendo e enfrentando as adversidades em um clube tão grande. No entanto, essa decisão me ensinou muito e foi uma lição valiosa.
Anos depois, no Flamengo, enfrentei um dilema semelhante. Em 2019, estava renovando meu contrato quando o clube contratou grandes reforços. Tive ofertas de outros países, com mais tranquilidade e retorno financeiro. Mas escolhi ficar, lembrando do que aprendi na Juventus. Decidi encarar os desafios, competir e mostrar meu valor. Foi uma decisão em família, compartilhada com minha esposa e meus filhos. Não foi fácil, mas apostar nos nossos sonhos e aceitar o preço a ser pago vale a pena. Mesmo sem conquistar tudo, a coragem de seguir em frente já é uma vitória.
Chegando ao final de uma temporada ou ao término de um ciclo profissional, é essencial avaliar não só o cenário externo, mas também como você se sente internamente. Ser fiel aos seus valores, sonhos e princípios é crucial. Decisões como mudar ou permanecer não afetam apenas você, mas todos ao seu redor. O sacrifício e a dedicação conjunta da família são fundamentais para alcançar os objetivos.
Se optar por ficar, faça-o de corpo e alma. Se decidir mudar, leve os aprendizados e não olhe para trás. Preso ao passado, você limita seu futuro. A coragem de enfrentar mudanças ou dificuldades é, por si só, um grande prêmio. O que vivi na Juventus me preparou para momentos decisivos no Flamengo, e as lições do esporte têm paralelos claros na vida corporativa. Assim, siga em frente, fiel a você mesmo, e aproveite ao máximo cada oportunidade. Seja qual for sua escolha, faça dela um novo capítulo de sucesso na sua trajetória.
Diego Ribas é ex-jogador de futebol, com passagens por Santos, Flamengo, diversos clubes europeus e seleção brasileira. Atualmente, é palestrante, comentarista, apresentador do PodCast 10 & Faixa, garoto-propaganda de empresas como Genial Investimentos, Adidas, Colgate e Solides, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte