Parentes processam autoridades por negligência após morte de detento de 69 anos. Ele teria passado uma semana sem receber atendimento médico após um ferimento grave Um homem de 69 anos morreu asfixiado lentamente em uma prisão rural do Colorado após ter as costelas quebradas em um confronto com um policial e passar uma semana sem receber atendimento médico, segundo um processo judicial anunciado na quinta-feira. A morte de Michael Burch, ocorrida em 2023, foi classificada como homicídio. No entanto, promotores optaram por não apresentar acusações contra o policial que usou um taser contra Burch e lutou com ele em uma cela na prisão do Condado de Huerfano. O promotor distrital Henry Solano justificou a decisão com base em leis de legítima defesa.
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Segundo informações da autopsia compartilhadas pela CNN autópsia, seis costelas do lado direito de Burch estavam quebradas, e seu pulmão direito havia colapsado. Em vez de ser levado a um hospital, ele foi transferido para outra cela, onde foi encontrado morto sete dias depois.
“Respirar tornou-se um ato extremamente doloroso, pois as costelas quebradas do sr. Burch continuaram a perfurar e rasgar seus órgãos, até que seu corpo parou de utilizar o pulmão direito, que encolheu para metade do tamanho normal”, afirmaram os advogados do espólio de Burch no processo federal.
Entre os réus estão os comissários do Condado de Huerfano, o gabinete do xerife, policiais, paramédicos e o hospital onde trabalhavam, além de enfermeiros e a organização sem fins lucrativos responsável pela assistência médica aos detentos.
O processo alega que essas entidades e indivíduos causaram os ferimentos fatais de Burch e negligenciaram seu tratamento, violando seus direitos constitucionais.
O advogado Eric Ziporin, que representa o condado e o gabinete do xerife, recusou-se a comentar o caso. Representantes do hospital e da empresa responsável pela assistência médica também não se pronunciaram.
Qusair Mohamedbhai, um dos advogados da família, afirmou que Burch tinha uma relação conturbada com os filhos devido a seus problemas de saúde mental, mas eles ainda tinham esperança de que ele pudesse conviver com os netos. Agora, segundo ele, os filhos sofrem com pesadelos ao imaginar a dor que o pai enfrentou em seus últimos dias.
— Esse é um tipo de comportamento digno de um gulag, algo que simplesmente não deveria existir em lugar nenhum — disse Mohamedbhai em entrevista ao portal da CNN.
Burch foi imobilizado após se recusar a largar um lápis que havia recebido. De acordo com imagens da câmera corporal, um policial o advertiu: “Solte isso ou nós vamos te derrubar.” Após o uso do taser, Burch investiu contra o policial e, no trecho do vídeo que se torna parcialmente obstruído, ele aparece caindo ao lado de um banco de aço, com os braços segurados pelo policial. O processo alega que ele foi derrubado contra o banco, o que causou a fratura de suas costelas.
Ex-agente penitenciário na Califórnia, Burch foi preso em 25 de março de 2023, após uma série de comportamentos erráticos, como dirigir até a casa de dois desconhecidos e balançar um martelo de borracha.
Segundo o processo, sua saúde mental não foi avaliada ao chegar à prisão, apesar de um vídeo mostrar uma funcionária do gabinete do xerife sinalizando que ele estava mentalmente instável, girando o dedo próximo à cabeça, depois que ele foi atingido pelo taser e imobilizado em 28 de março de 2023.
Burch gritou e gemeu enquanto um policial usava o joelho para mantê-lo no chão, sob a alegação de resistência. Mais tarde, ele parecia mais calmo enquanto era examinado pelos paramédicos. Ele relatou que suas costelas estavam esmagadas e pediu para ser levado ao hospital, mas a família afirma que os paramédicos não examinaram seu tórax.
As imagens da câmera corporal mostram um dos paramédicos levantando rapidamente a camisa de Burch, mas, segundo o processo, ninguém auscultou seus pulmões com um estetoscópio nem verificou seus sinais vitais.
No dia 1º de abril de 2023, Burch relatou a um capitão do xerife que mal havia sobrevivido à noite. No entanto, em vez de ser atendido presencialmente, ele foi avaliado por vídeo por uma enfermeira terceirizada no Mississippi, que, segundo o processo, não pediu para ver seu tórax e focou apenas em sua saúde mental.
Três dias depois, ele foi encontrado morto no chão de concreto de sua cela.
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