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Escolas tradicionais sacodem o público no primeiro dia da Série Ouro

Escolas tradicionais sacodem o público no primeiro dia da Série Ouro


Estácio de Sá e Unidos da Ponte trazem samba no pé e têm melhor recepção do que as opulentas Maricá e Niterói O cansaço de uma noite virada de sexta-feira até apareceu em alguns momentos, mas no geral a Marquês de Sapucaí viu uma bela jornada de carnaval no primeiro dia dos desfiles da Série Ouro, o grupo de acesso logo abaixo do Especial. Oito escolas, representando cinco municípios diferentes, apresentaram carnavais com temas diversos e níveis de investimento muito distintos. Em comum a quase todas, apenas os sambas-enredo pouco inspirados.
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O desfile começou com a estreante União do Parque Acari, que, se não fez uma grande apresentação, certamente mostrou que tem condições de permanecer na Série Ouro. A escola da Zona Norte homenageou os 50 anos do bloco afro Ilê Ayê, da Bahia, de forma correta, ainda que não muito criativa – não custa lembrar que os temporais de janeiro a fizeram perder fantasias. O tradicional Império da Tijuca veio em seguida, para a pior apresentação da noite. Homenageando Lia de Itamaracá, a Rainha da Ciranda, a escola do Morro da Formiga trouxe alegorias precárias e um samba que não pegou, apesar da boa bateria. Ao final, um princípio de incêndio chamou a atenção dos bombeiros e fez destaques deixarem um carro alegórico às pressas.
Ainda no Nordeste, a Acadêmicos de Vigário Geral se apresentou bem, ainda que sem empolgar, retratando o São João de Maracanaú, no Ceará. Sem grandes ideias, a escola foi a primeira a fazer uso mais intenso da iluminação cênica, novidade dos últimos anos que agora está sendo abraçada de vez pelas agremiações. A Baixada Fluminense chegou à Sapucaí a bordo do desfile da Inocentes de Belford Roxo, um dos melhores da noite: com bom humor, a tricolor falou do comércio popular no enredo “Debret pintou, camelô gritou: Compre dois, leve três! Tudo para agradar o freguês!” Bem estruturada, a escola estabeleceu um patamar diferente das três primeiras. Em seguida foi a vez da Estácio de Sá, contrariando boatos de que estava na penúria. Mesmo sem a riqueza das coirmãs que viriam a seguir, a escola da região da Pequena África mergulhou em suas origens no enredo “Chão de devoção: orgulho ancestral”, e fez o chão tremer com o refrão que tratava de Vovó Cambinda e Vovó Maria Conga.
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Depois de um longo intervalo, surgiu a escola que gerou a maior expectativa no pré-carnaval: a tradicional (e chata) ala dos amigos veio à frente da União de Maricá, que estreou na Sapucaí com torcida fanática, paramentada e equipada com bandeiras. A boa situação financeira da próspera cidade era facilmente visível no desfile, em que abundaram os brilhos e tons dourados, mas o enredo “O esperançar do poeta” – na verdade uma desculpa para a escola louvar seu município – não teve fácil leitura, apesar da empolgação do povo maricaense.
Uma espécie de upgrade da União de Maricá veio em seguida: também endinheirada, a Acadêmicos de Niterói – aquela mesma que se chamou Acadêmicos do Sossego por mais de 50 anos e trocou de nome e de CNPJ em 2022 – mostrou estrutura e bom gosto, com talvez o melhor conjunto alegórico da noite. No entanto, o batido enredo “Catopé – Um céu de fitas”, sobre as festas tradicionais do Norte de Minas Gerais, não decolou, assim como o samba-enredo.
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Já passava das 4h30 da manhã, e a Unidos da Ponte, de São João de Meriti, chegou ao som de seu clássico “Oferendas” (1984) e de hinos da música baiana, para espantar um sono que talvez pudesse ter chegado com a apresentação niteroiense. Deu certo: cantando o dendê, em um enredo africano bem sacado – mesmo com a escola pequena em relação às demais –, a azul-e-branco encerrou a noite em altíssimo astral. Seria candidata ao Grupo Especial, não fossem problemas pontuais ao longo do desfile.

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