Escola é um exemplo de inclusão e promete emocionar a Sapucaí Dez, nota dez para a inclusão. Dez, nota dez para a acessibilidade. A Embaixadores da Alegria abre o Desfile das Campeãs neste sábado, às 19h. Será o décimo-sexto desfile da primeira escola de samba do mundo voltada às pessoas com deficiência. Considerada mais do que uma escola de samba, uma escola de vida, a Embaixadores da Alegria nasceu em 2006 como uma associação sem fins lucrativos. Neste sábado, a escola vai reviver o incrível desfile de 2018 com o enredo “Super-heróis da alegria”, que fala de quem cuida das pessoas com deficiência.
Este ano, a escola levará para o sambódromo 1.200 componentes, sendo 280 na bateria, um casal de mestre-sala e porta-bandeira cadeirante e a eterna rainha de bateria com Síndrome de Down. E ainda tem dois casais de mestre-sala e porta-bandeira, em que cada casal tem pelo menos uma pessoa com deficiência. Caio Leitão, co-fundador da agremiação, fala da alegria do desfile neste Papo Reto
Por que é tão difícil para a sociedade perceber que ela é a principal favorecida em ações de acessibilidade e inclusão?
Voltaire disse uma vez: “a história não se repete nunca, o homem repete sempre”. A despeito da criativa e original abordagem da Embaixadores da Alegria em relação à inclusão, a sociedade ainda insiste no capacitismo. O olhar de pena já melhorou bastante ao longo do tempo, entretanto há muita resistência quanto à equidade. Entendemos que é muito difícil se colocar no lugar de uma pessoa com deficiência, mas a arte, a educação e a música nos ajudam a equalizar as diferenças.
Por que empresas e sociedade não conseguem enxergar a importância de espaços diversos?
Muitas vezes, as pessoas só sabem o que é acessibilidade quando precisam. Pode ser por uma mobilidade reduzida por causa de um acidente doméstico ou um familiar idoso que precisa subir as escadas de um ônibus. O ponto de partida para uma sociedade de vanguarda e diversa é tornar visíveis os invisíveis. Tivemos uma grande oportunidade durante as Paralimpíadas Rio 2016 para deixar um legado acessível além dos jogos. Fizemos projetos culturais inovadores para os jogos, mas precisamos lançar luz cada vez mais para o tema. Criamos, por exemplo, o festival “O que Move Você?”, cujo lema é: “onde a diferença não tem diferença”, ou seja, não importa a sua característica fisica ou intelectual, e sim a sua arte, a sua essência.
Pessoas com deficiência se veem limitadas a fazer alguma coisa ou acreditam que possam fazer tudo desde que tenham oportunidades?
Décadas atrás, pais não se sentiam confortáveis em sair de casa na companhia dos filhos com deficiência. Tanto pela falta de acessibilidade, quanto pela falta de lazer. Isso vem mudando devido à liberdade de expressão nas redes sociais. Hoje as famílias se comunicam mais, transmitem mais o dia a dia de seus filhos, estão encontrando mais oportunidades no meio digital, mas é preciso avançar muito presencialmente. A vida real precisa de mais amor e respeito às diferenças. Assim caminhamos para uma sociedade mais humana.
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