Tido como um dos principais nomes do Botafogo nesta temporada (brilhou na goleada diante do Peñarol, na partida de ida da semifinal da Copa Libertadores 2024), o atacante Luiz Henrique também vem brilhando com a camisa da seleção brasileira (com direito a um gol marcado na vitória por 4 a 0 sobre o Peru, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo).
Mas, ao mesmo tempo em que atravessa um dos momentos mais consagradores de sua carreira, o atleta tem se deparado com um assunto espinhoso. Ele se tornou alvo de uma investigação na Espanha, que apura um possível esquema de manipulação de apostas esportivas.
A notícia de que Luiz Henrique é investigado na Espanha, onde jogou pelo Betis, foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo. Essa apuração contaria inclusive com documentação e informações remetidas às autoridades do país europeu pelo Ministério Público (MP) de Goiás, que, em 2023, deflagrou a Operação Penalidade Máxima, responsável por desarticular um esquema de manipulação de apostas, que contou com a participação de pelo menos 15 jogadores de futebol.
Nesta quarta-feira, ao deixar o gramado do Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ), Luiz Henrique teve de quebrar o silêncio a respeito do incômodo tema. Apelou para a velha e surrada fórmula que vem sendo cada vez mais utilizada por celebridades esportivas envolvidas em escândalos.
“Não tem nada a ver isso. Acho que querem apagar o meu brilho. Eu sei que não vão conseguir. Eu sei que Deus tá comigo, minha família está comigo e nada disso aconteceu”, declarou.
Entenda o caso
Luiz Henrique não chegou a ser denunciado pelo MP de Goiás, embora, na época, a apuração tenha identificado conexões do atacante com o jogador de futsal Bruno Lopez de Moura, um dos 16 indiciados na Operação Penalidade Máxima e considerado o líder do esquema de manipulação.
As apurações envolvendo o atleta brasileiro ocorrem na Espanha são de natureza criminal, sem relação com organizações esportivas como LaLiga ou Real Federação Espanhola de Futebol.
Segundo o portal GE, autoridades do país europeu enviaram, em julho deste ano, pedido para tomarem depoimento do atleta, por meio de videoconferência (a data dessa audiência ainda não foi definida).
A suspeitas sobre Luiz Henrique têm a ver com cartões amarelos sofridos por ele, jogando pelo Betis na LaLiga. O jogador permaneceu na Espanha até este ano, quando foi contratado pelo Botafogo.
Esse caso envolvendo Luiz Henrique ocorreu no mesmo fim de semana em que, defendendo o West Ham pela Premier League, Lucas Paquetá também foi punido com cartão amarelo.
The Football Association (TheFA), entidade que comanda o futebol na Inglaterra, apurou que, naquela rodada, houve movimentação muito acima do comum de apostas relativas a possíveis cartões amarelos sofridos pelos dois jogadores, em ambas as competições.
Por enquanto, apenas Paquetá é investigado pela TheFA, embora possa seguir atuando normalmente pela seleção brasileira e pelo West Ham.
No caso de Luiz Henrique, existe o complicador de que o atleta recebeu pagamentos em pix feitos por Bruno e Yan Tolentino, que são, respectivamente, tio e primo de Paquetá.
Os pagamentos ocorreram dias depois de Luiz Henrique receber os cartões amarelos na LaLiga. Em 8 de outubro deste ano, em depoimento prestado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, no Senado, Bruno Tolentino reconheceu que ele e o filho efetuaram pagamentos ao jogador do Botafogo, totalizando R$ 40 mil.
O tio de Paquetá alegou, porém, que as transferências em pix seriam relativas a um empréstimo feito a Luiz Henrique e não teriam qualquer relação com algum suposto esquema de manipulação de apostas.
O senador Jorge Kajuru (PSB-GO), presidente da CPI, solicitou aos membros da comissão que fizessem a análise detalhada das declarações de Tolentino, uma vez que, segundo o parlamentar, “tal explicação pode ser considerada insuficiente diante da natureza dos fatos investigados, especialmente considerando a cronologia dos eventos e as alegações de apostas em resultados específicos das partidas”.