Ícone do site SUDOESTE MS

Cunhado de ex-prefeito deixa apartamento de Patrola e quer R$ 372 mil em compensação por benfeitorias

Cunhado de ex-prefeito deixa apartamento de Patrola e quer R$ 372 mil em compensação por benfeitorias

O ex-secretário de Saúde de Campo Grande, Leandro Mazina Martins, entregou o apartamento do empreiteiro André Luiz dos Santos — conhecido como Patrola. O pai do vereador Otávio Trad (PSD) e cunhado do ex-prefeito Marquinhos Trad responde ação de despejo impetrada por Patrola. Assim como Maria Thereza Trad Alves, irmã do ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD).

Conforme o advogado de defesa de Mazina, Márcio de Ávila Martins Filho, as chaves foram entregues há mais de 30 dias. “Ele desocupou voluntariamente o apartamento e já está residindo em outro local”, informou ao Jornal Midiamax.

No entanto, o cunhado do ex-prefeito de Campo Grande seguirá na ação com pedido de compensação por benfeitorias. “Agora restará a discussão dos aluguéis e IPTU com relação à compensação com os nossos créditos, que é taxa extra em feitorias realizadas no imóvel”, explicou a defesa. Assim, Mazina pede R$ 372.596,58 em compensação de crédito.

Crédito supera cobranças

Seriam R$ 93.072,65 referente a despesas extras lançadas na cobrança da taxa de condomínio, apontadas como de responsabilidade do Patrola. Outros de R$ 279.523,93 sobre benfeitorias realizadas no imóvel.

Ou seja, pede pouco mais que o dobro do que Patrola cobra dele. Conforme o empreiteiro, Mazina possui dívida de R$ 183.390,87, total de atrasos no pagamento do aluguel e de IPTU.

Os atrasos deram início à ‘briga’ judicial pelo apartamento localizado em um prédio na Rua Euclides da Cunha, em Campo Grande. São pelo menos 10 meses de processo judicial em busca pelos valores.

Ao Jornal Midiamax, o advogado de Patrola, Fábio Melo Ferraz, disse que o processo seguirá na Justiça de Mato Grosso do Sul. “O André já tomou posse do imóvel, mas a ação continua com relação aos aluguéis em atraso, assim como o IPTU”, afirmou.

Primeiro pedido de despejo

A primeira ação do empreiteiro contra familiares do ex-prefeito aconteceu ainda no ano da primeira fase da Operação Cascalhos de Areia. Em outubro de 2023, Patrola também pediu o despejo de Leandro Mazina Martins. O ex-secretário de Saúde do município é acusado de atrasar R$ 64 mil em aluguéis de um apartamento também no Jardim dos Estados.

A ação corre na 14ª Vara Cível de Campo Grande. Patrola alega que firmou contrato com Martins em 2019, quando acordaram o pagamento mensal de R$ 5 mil. No entanto, se pago com pontualidade, o aluguel teria desconto e passaria a custar R$ 4 mil.

As partes renovaram o contrato e acertaram, verbalmente, que o valor seria congelado em R$ 4 mil. Ou seja, não haveria reajuste anual.

Contudo, o empreiteiro aponta que o cunhado de Marquinhos Trad (PSD) não regularizou o aluguel de maio de 2022 até agosto de 2023. Patrola diz que há R$ 64 mil em atraso em aluguéis e mais de R$ 119 mil de IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) em atraso desde maio de 2019.

Segundo pedido

Investigado por corrupção em obras de infraestrutura em Campo Grande, André Luiz dos Santos — conhecido como Patrola — pediu o despejo de Maria Thereza Trad Alves, irmã do ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD). A segunda ação de despejo contra membros da família Trad reforça laços que o empreiteiro possuía com a família e esquema de laranjas exposto pelo Jornal Midiamax em junho de 2023.

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) investiga Patrola por supostamente ser laranja de políticos no Estado.

Em 20 de fevereiro, o juiz Maurício Petrauski deferiu a liminar pleitada por Patrola. Então, pediu que intimassem Maria Thereza para desocupar o imóvel. A irmã do ex-prefeito chegou a receber ordem de desocupação do apartamento em até 15 dias, sob pena de execução da ordem de despejo.

Patrola alega atraso nos aluguéis e falta de pagamento do IPTU. Conforme a ação, a dívida chega a R$ 214.063,24. São R$ 114.372,39 referente aos aluguéis e R$ 99.690,85 sobre o IPTU.

Então, na contestação, Tetê Trad apresenta argumentos semelhantes ao do cunhado e também pede compensação a Patrola. Ela pede R$ 93.072,65, pagos em taxas extra de condomínio, e R$ 201.188,44 em benfeitorias realizadas no apartamento.

Patrola já pediu despejo de dois membros da família Trad. (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Patrola é investigado

A primeira fase da Operação Cascalhos de Areia reuniu indícios que apontam para suposta rede de empreiteiras nas mãos de laranjas, a princípio comandadas por Patrola.

As empresas seriam supostamente usadas por uma quadrilha para desviar dinheiro da Prefeitura de Campo Grande com contratos firmados durante a gestão de Marquinhos Trad.

Entre os donos de empresas com contratos milionários, por exemplo, estava um vendedor de queijos. O homem disse que sequer sabia ter mais de R$ 200 milhões em contratos públicos numa empreiteira da qual é dono no papel.

Empresas com grandes contratos também foram vendidas a preço de banana. Assim, os indícios colocam André Luiz dos Santos, o Patrola, no foco da investigação. As investigações apontam ele como verdadeiro operador das empresas investigadas.

Segundo a denúncia anônima que deu início às apurações, Patrola supostamente seria sócio do ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) no ‘esquema’. No entanto, o político nega.

Patrola também é suspeito de desmatamento criminoso no Pantanal. Ele teria destruído mais de 1,3 mil hectares após ser pago para construção de estradas na região pantaneira.

Além disso, as ‘armas’ do crime ambiental seriam as máquinas que uma das empresas dele, a André L. dos Santos Ltda, levou para a região com dinheiro de uma obra pública.

Fonte

Sair da versão mobile