Na novela das sete da TV Globo, a atriz vive uma mulher com instabilidade de humor e frustrada como mãe; na vida real, se diz muito dedicada aos quatro filhos: ‘Meu tempo livre é deles’ Uma mulher intensa, que guarda frustrações quanto à carreira e à maternidade. Assim é Filipa, personagem de Cláudia Abreu em “Dona de mim”, trama das sete da Globo. De volta às novelas nove anos depois de interpretar Helô, em “A lei do amor” (2016), a atriz conta o que a motivou a dividir sua atenção entre a televisão e o teatro.
— Filipa apresenta instabilidades de humor, talvez por isso não seja validada. Essa foi uma das coisas que eu mais achei interessante em voltar a fazer novela: discutir saúde mental. Não se trata somente de estar de volta para viver uma personagem divertida, que às vezes se deprime e também pode ficar agressiva. É falar sobre o transtorno de humor e poder gerar reflexões no público que vai assistir. É uma prestação de serviço para quem vai se identificar, para que se cuide ou cuide de alguém próximo que esteja passando pelo mesmo. Novela também promove o bem social — destaca ela.
Filipa (Cláudia Abreu), Davi (Rafa Vitti), Ayla (Bel Lima), Samuel (Juan Paiva), Abel (Tony Ramos), Rosa (Suely Franco) e Sofia (Elis Cabral): família em “Dona de mim”
Leo Rosário/Rede Globo/Divulgação
Na história criada e escrita por Rosane Svartman, Filipa ainda não tem definido o diagnóstico de seu transtorno, que a faz alternar entre momentos de euforia e de profunda tristeza. Sabe-se que ela não teve sucesso como atriz e cantora, nem como mãe. A filha Nina (Flora Camolese), fruto do seu primeiro casamento, foi morar com a avó, Isabela (Sylvia Bandeira), em Portugal. E a esposa de Abel (Tony Ramos) revive o sentimento de falhar na maternidade ao ser rejeitada por Sofia (Elis Cabral), menina adotada por ele.
— Na preparação para a personagem, assisti a um documentário impressionante sobre Nina Simone (“What happened, Miss Simone?). A filha conta que a mãe estava muito bem, brincando com ela na sala, e de repente virava outra pessoa — destaca Cláudia, de 54 anos, sobre a cantora e ativista norte-americana, que sofria com bipolaridade.
Cláudia Abreu com a filha cantora, Maria Maud
reprodução/ instagram
Felipa (com “e”) é também o nome de uma dos quatro filhos que Cláudia teve com o cineasta José Henrique Fonseca, com quem foi casada entre 1997 e 2022.
— Achei uma coincidência tão grande! Tenho uma filha Felipa (de 18 anos) e uma filha cantora (Maria Maud, de 24). Tudo a ver com a personagem! — empolga-se a atriz, que é discreta na vida em família e se considera uma mãe dedicada também de José Joaquim, de 14, e Pedro Henrique, de 11: — É uma luta diária cuidar, dar atenção. Você acha que o mais difícil é a infância, mas não, dão trabalho também na adolescência, na vida adulta. Cada fase é um desafio, mas eu adoro ser mãe! Meu tempo livre é deles, e por mais que eu trabalhe muito, tento estar sempre junto. Recentemente, fui apresentar peça em Fortaleza (CE) e levei todo o meu arrastão para o parque aquático de lá (risos).
José Henrique Fonseca e Cláudia Abreu com os filhos Maria, Felipa, Joaquim e Pedro
Reprodução de Instagram
Teatro em dobro, no drama solo e na comédia em grupo
Paralelamente à TV, Cláudia segue se dedicando (duplamente) ao teatro. Até este domingo (11), fica em cartaz na Caixa Cultural, no Centro do Rio, com o monólogo “Virginia”, em que faz um inventário íntimo da trajetória da escritora inglesa Virginia Woolf (1882-1941), marcada por tragédias pessoais, numa linha tênue entre a lucidez e a loucura.
A atriz conta que saúde mental é prioridade também para ela, adepta da terapia:
— A vida tem altos e baixos para todo mundo. É mentira dizer que está tudo lindo e maravilhoso o tempo todo. Tudo é a maneira com que você encara os obstáculos. Ficar pra baixo não ajuda. Positividade, leituras, bons filmes, boas amizades, boas viagens, bom sono… Tudo isso auxilia a se cuidar.
Cláudia Abreu em cena no monólogo “Virginia”
Pablo Henriques/Divulgação
A partir da próxima quinta-feira (15), ela estreia no Teatro Casa Grande, no Leblon, uma temporada até 22 de junho da comédia “Os mambembes”, ao lado dos atores Deborah Evelyn, Julia Lemmertz, Camí Boher, Leandro Santanna, Orã Figueiredo e Paulo Betti, além do músico Caio Padilha. Com direção de Emílio de Mello e Gustavo Guenzburger, o espetáculo foi idealizado para ser originalmente encenado em ruas, praças e parques, já tendo passado por Maranhão, Pará, Espírito Santo, Minas Gerais e Curitiba. Agora, ganha uma nova versão para salas de espetáculo. Um documentário sobre toda a turnê, com direção de Cláudia, está sendo produzido.
Parte do elenco do espetáculo “Os mambembes”
Reprodução de Instagram
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