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Cientistas descobrem núcleo do medo no cérebro e como desativá-lo

Nota Diária

Se a ciência já tem uma curiosidade absoluta para desvendar as emoções, o medo é tido como algo ainda mais intrigante, por conta de sua complexidade, e foi justamente isso o que levou um grupo da University of California San Diego (EUA) a pesquisar como ligar e desligar o medo no cérebro. As descobertas estão na revista Science desde a última sexta-feira (15). 

Além de identificar as mudanças na química do cérebro, os neurocientistas também mapearam os circuitos neurais que causam envolvidos na emoção. O estudo se concentrou em uma área chamada de rafe dorsal, que fica no tronco cerebral. O processo apontado pelo estudo é o seguinte:

  1. Estresse agudo induz a uma mudança nos sinais químicos nos neurônios
  2. Esses sinais passam de neurotransmissores excitatórios (glutamato) para inibitórios (GABA)
  3. Surgem, então, as respostas generalizadas de medo

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Para estudar essa mudança de maneira mais aprofundada e específica, os pesquisadores examinaram então os cérebros de pessoas que sofriam do transtorno de estresse pós-traumático.

O transtorno de estresse pós-traumático está intrinsecamente relacionado ao medo, já que geralmente se desenvolve após uma pessoa ter experimentado ou testemunhado um evento em que ela percebeu estar em grande perigo (de modo que o medo intenso é comum e pode ser uma reação de sobrevivência).

Como ligar e desligar o medo

A segunda parte do estudo foi feita com camundongos. Os pesquisadores injetaram na rafe dorsal dos animais um vírus adeno-associado (AAV) para suprimir o gene responsável por formar o GABA. Depois que tudo foi feito, os pesquisadores tentaram induzi-los a uma experiência que pudesse gerar medo e estresse. A técnica evitou que os ratos adquirissem medo generalizado. 

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Os neurocientistas também trataram os camundongos com fluoxetina, um antidepressivo, depois de um evento estressante, e o método evitou a troca do transmissor e o aparecimento do medo.

Neurônios envolvidos no medo

O grupo ainda conseguiu identificar a localização dos neurônios que trocaram o seu transmissor, e ainda conseguiram mostrar as ligações desses neurônios a regiões do cérebro que estavam anteriormente ligadas à geração de outras respostas de medo (amígdala central e hipotálamo lateral).

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As descobertas fortalecem uma informação de um estudo da Cell Reports, sobre neurônios que dão origem ao medo e agem juntamente com a amígdala, fazendo uso de uma molécula chamada peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP).

Em comunicado, os neurocientistas alegam que a descoberta do núcleo do mecanismo pelo qual o medo acontece e dos circuitos que implementam esse sentimento pode ajudar na criação de “intervenções direcionadas e específicas”, principalmente no que diz respeito a transtorno de estresse pós-traumático ou ansiedade.

Fonte: Science

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