Chance perdida

Tanta coisa aconteceu desde a final da Copa América que parece que já faz um ano que a Argentina levantou a taça em Miami em meados de julho. Tivemos desde uma campanha presidencial sem precedentes nos EUA aos Jogos Olímpicos na França. Mas para quem tem trabalhado duro para fazer o futebol crescer entre os americanos, o fato do noticiário já ter mudado de assunto não apaga os problemas vividos.

O torneio foi o primeiro de três grandes competições de futebol marcadas para o país em um período de três anos. Em 2025, o ampliado Mundial de Clubes da Fifa será nos EUA entre os meses de junho e julho com 32 equipes. E, em 2026, o formato novo da Copa do Mundo, também da Fifa, terá a maior parte dos jogos em território americano, com algumas partidas no México e no Canadá.

Foram várias as coisas que não funcionaram. A primeira é um problema de calendário. Dividir as atenções de quem gosta de futebol com a Euro é cruel para qualquer outro torneio. Além do excesso de jogos por dia, principalmente na primeira fase, a comparação de qualidade deixa clara a superioridade do torneio europeu.

Também não ajudou o fato da seleção local ter feito um torneio tão fraco. Um bom desempenho do time da casa sempre ajuda a engajar o público. E, embora os EUA tenham Christian Pulisic, provavelmente o melhor jogador do país em todos os tempos, o time não funciona e não empolga.

Finalmente, a decisão em Miami foi uma tragédia de organização em um país que tem uma das mais avançadas indústrias do esporte. As cenas de torcedores invadindo o Hard Rock Stadium e os relatos de fãs que não entraram mesmo com ingressos seriam um vexame em qualquer lugar do mundo. Nos EUA, que se esforça para se tornar relevante no futebol internacional, isso foi um desastre.

LEIA MAIS: Veja cinco pontos que não funcionaram na Copa América 2024, disputada nos Estados Unidos

A primeira chance foi desperdiçada. É difícil encontrar algo de bom que tenha ficado da Copa América. Que os americanos aprendam todas as lições para fazer das competições dos próximos dois anos uma verdadeira plataforma para que o esporte finalmente decole no país e para que os EUA se consolidem como uma das forças do futebol mundial.

Sergio Patrick é especializado em comunicação corporativa e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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