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Carnaval 2024: Seis escolas de samba abrem os desfiles do Grupo Especial na Sapucaí neste domingo

Carnaval 2024: Seis escolas de samba abrem os desfiles do Grupo Especial na Sapucaí neste domingo


Desfilam a partir das 22h: Porto da Pedra, Beija-Flor, Salgueiro, Grande Rio, Unidos da Tijuca e Imperatriz. Mitos, lendas e tradição indígena dominam as apresentações da primeira noite Seis escolas abrem os desfiles na Sapucaí neste domingo. Porto da Pedra, Beija-Flor, Salgueiro, Grande Rio, Unidos da Tijuca e Imperatriz vão passar pela Avenida, a partir das 22h. Mitos, lendas e tradição indígena dominam primeira noite de apresentações. As escolas prometem muitas surpresas, algumas envolvendo a iluminação cênica da passarela, além de um banho de cheiro. O público poderá acompanhar a transmissão através da TV Globo e do Globoplay.
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Os desfiles da noite serão abertos pela atual campeã da Série Ouro, a Porto da Pedra. A Tigre de São Gonçalo apresentará um enredo inspirado no livro medieval “Lunário perpétuo”, do espanhol Jerónimo Cortés. Almanaque do saber popular, a obra foi a mais lida do Nordeste brasileiro por dois séculos. Um dos ensinamentos transmitidos é a observação do comportamento dos insetos, para saber se iria chover. Isso será retratado no carro da profética das chuvas, conta o carnavalesco Mauro Quintaes.
Vale a pena ficar de olho na alegoria. Além de uma abelha voando na Avenida, a agremiação promete se valer de um recurso de sucesso no desfile de 2023: fazer chover, com a água acionada pelo personagem do profeta das chuvas. A sensação olfativa ficará por conta do cheiro de ervas saindo de um dos carros. O público também vai se deparar com um enorme tigre, símbolo da escola, que chegará a 22 metros de altura (equivalente a um prédio de 7 andares).
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O músico pernambucano Antonio Nóbrega, que serviu de inspiração para o enredo, é presença confirmada no desfile. Com samba que pergunta “quem acendeu as lamparinas desse céu?”, vale ainda ficar de olho em como a luz cênica irá interagir com a cantoria das arquibancadas. Pode vir nova surpresa por aí.
A Beija-Flor de Nilópolis, a segunda escola a entrar na Sapucaí, vai contar a história inspirada no rei dos carnavais e engraxate Benedito dos Santos, o Rás Gonguila. Um dos destaques será o ator Samuel de Assis, que viveu Ben na novela “Vai da fé”, da TV Globo. O artista que marcou nos ensaios na quadra da escola virá num carro alegórico.
O cineasta alagoano, Cacá Dieguez, é uma das personalidades nascidas no estado que marcarão presença no desfile. A escola nilopolitana promete que dará destaque também para a sua própria corte, em carro que trará nomes como a ex-rainha de bateria Sônia Capeta. O carnavalesco João Vitor Araújo, que considera “um grande presente” poder contar a história do Rás Gonguila na Avenida, promete fugir dos clichês do enredo geográfico.
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Com o onirismo presente, o desfile passa pelo Quilombo dos Palmares, depois pelo carnaval da capital alagoana (em que Benedito se intitula príncipe etíope, assim como o imperador Rás Tafari) e chega a Nilópolis. Na Sapucaí, ele será coroado em alegoria que representa o banho de mar à fantasia. O carnavalesco diz que a beleza do desfile fará lembrar enredos de seu xará, Joãosinho Trinta, a partir dos anos 1970. A Beija-Flor promete ainda um efeito surpresa ao fim do desfile, desfrutando de recursos tecnológicos, diz João, numa pista de como deve aderir à luz cênica.
Salgueiro vai falar dos ianomamis, no enredo Hutukara
Divulgação
Em seguida vem o Salgueiro, que irá mostrar a beleza, a cultura e a cosmologia dos ianomâmi no enredo “Hutukara”, nome da floresta criada por Omama, deus da criação. Em vez de lamento pelas mortes e problemas com garimpeiros, a aposta é pela admiração, para afirmar a humanidade desse povo. Haverá ainda um lado crítico, um grito para todos lutarem ao lado daqueles que ocupam o território brasileiro há mais de mil anos, diz Igor Ricardo, enredista da escola.
Davi Kopenawa, fundador da Hutukara Associação Yanomami, e seu filho Dário Kopenawa; Ehuana Yanomami, primeira mulher yanomami a escrever um livro na sua língua; Morzaniel Iramari, primeiro cineasta yanomami; e o artista visual Joseca Yanomami desfilarão com o Salgueiro. Ativistas também estarão presentes, trazendo a memória do jornalista britânico Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira, assassinados em 2022.
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Como spoiler, Igor lembra que o carnavalesco Edson Pereira é conhecido pela grandiosidade, e que os olhos devem se voltar para o abre-alas, com Omama, e para a emoção do carro do garimpo. Aos inimigos do povo indígena, o refrão oferece a frase ianomâmi “Ya temi Xoa!”(“Ainda estou vivo!”).
Com temática tupinambá, Grande Rio pisará na Avenida em seguida com a garra de uma onça. Inspirada no livro do escritor Alberto Mussa “Meu destino é ser onça”, a escola de Duque de Caxias vai recontar o mito de criação, em que o felino é fundamental e se confunde com o Velho, criador da Humanidade. Nessa trama, que considera que o mundo já teve dois fins, o terceiro seria quando o animal comer a lua (e a ideia é evitá-lo). A agremiação pretende passar uma mensagem, de que é preciso explorar todo esse imaginário mítico:
— Conhecemos a mitologia grega e a Bíblia, mas desconhecemos nossa própria terra — pontua Leonardo Bora, carnavalesco da Grande Rio ao lado de Gabriel Haddad, campeões em 2022.
Visualmente, a escola terá seus primeiros setores apostando no escuro, além de um estudo cromático que explorará as combinações entre verde e vermelho, cores complementares, e que estão no pavilhão da escola. Símbolo poderoso de força e coragem, a onça aparece como bandeira da luta da população LGBTQIA+. Uma das alas será inspirada em Rafa Bqueer, a drag chamada de “panterona da Amazônia”.
Carnavalesco da Unidos da Tijuca: Alexandre Louzada fala sobre o gigantismo do carnaval; veja vídeo
Penúltima escola a desfilar, a Unidos da Tijuca terá como enredo “O conto de fado”. Mas, o carnavalesco Alexandre Louzada explica que não faz referência ao gênero musical português. É, na verdade, um jogo de palavras, em que “fado” significa “destino”. Na Avenida, a escola do Borel vai retratar, através de fábulas, lendas e mitos, o que foi preparado pelo destino para Portugal. A apresentação, colorida e com clima de leveza, não chega ao Brasil, e trata das navegações a partir de “Os Lusíadas”, clássico do poeta Luís de Camões que narra de forma épica as conquistas portuguesas.
No desfile, será lembrado, por exemplo, o medo que se tinha do mar, quando se acreditava em monstros marinhos naquele que ainda era um grande desconhecido. Louzada pontua que esse é um enredo sem caravelas. Cercada de magia, a apresentação mexerá ainda com os sentidos do público, com cheiros de alecrim e cravos, por exemplo, ao longo do desfile. A religiosidade também estará presente na Sapucaí, com espaço para o encanto, a devoção e a fé, “num desfile em romaria”, como diz a sinopse do enredo.
A atual campeã do carnaval, a Imperatriz Leopoldinense vai encerrar a primeira noite do Grupo Especial com uma ficção criada a partir de outra ficção. Inspirado na cigana Esmeralda, personagem do cordelista Leandro Gomes de Barros, o xará e carnavalesco Leandro Vieira cria um testamento (feito por uma cigana fictícia) que trata a escola de Ramos como um indivíduo.
A data de fundação da agremiação é equivalente ao seu nascimento, que indica que ela está submetida à influência zodiacal, com a sina que irá levá-la ao sucesso: o bicampeonato. Última a cruzar a Marquês de Sapucaí, a aposta da escola é nas cores, ornando com o nascer do dia; espelhos, pedras brilhantes e acabamentos metálicos serão artifícios para versar com a luz do amanhecer.

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