Em entrevista à Contigo!, Carlos Arruza reflete sobre as carreiras em áreas distintas e comenta sobre trabalho no musical em homenagem à Bibi Ferreira
Em cartaz como primeiro marido de Bibi Ferreira (1922-2019) no musical Bibi, Uma Vida em Musical, Carlos Arruza (55) se prepara para terminar a temporada no próximo domingo, 18, e adicionar o trabalho ao hall de grandes produções de sua carreira, como Mamma Mia – O Musical, Ou tudo, ou nada e Comunità – um musical italiano. Em entrevista à Contigo!, o ator comentou sobre o atual trabalho e suas duas profissões.
O primeiro convite para participar do musical em homenagem à vida de Bibi Ferreira foi declinado pelo ator, que também é psicólogo e estava com a agenda cheia na época. “Quando fui aprovado no início do processo de montagem, fiquei dividido com meu trabalho em consultório e acabei não aceitando. No período de turnê, em 2022, voltaram a me convidar e eu não pensei duas vezes”.
O segundo convite foi aceito com muita alegria pelo artista, que alimenta grande admiração por Bibi Ferreira: “Ouso dizer que ela é única. Excelência, múltiplos talentos, currículo incomparável. Ninguém ainda se aproximou dos seus enormes feitos pela arte. É um assombro visitar a obra dessa mulher“, comenta.
No musical, o intérprete dá vida a Carlos Lage, primeiro marido de Bibi, definido pelo artista como um homem elegante e familiarizado com a riqueza que “não aceita perder Bibi para as artes“. “Ele é descendente de uma célebre família de empresários, acostumado a viver nos ambientes mais nobres da sociedade brasileira. A relação deles é rápida, já que Bibi não se adapta a um universo de tanta ostentação e o romance coincide com um convite para estrear um filme em Londres, ocasionando o motivo da separação do casal“, explica.
Ele conta que o público tem recebido o espetáculo muito bem, com afeto e entusiasmo. “O público ama. É muito carinho que esse espetáculo oferece. Uma aula do início ao fim sobre teatro, ser artista e também de humanidade“, pontua.
O artista compartilha, ainda, o desejo de ter outros trabalhos em homenagens a grandes nomes da cultura brasileira no currículo, começando por Gal Costa (1945-2022), cantora que o inspirou a soltar a voz. “A Gal me levou a cantar, decidi fazer canto na esperança de um dia conhecê-la. Isso não aconteceu, mas como minha musa inspiradora, eu adoraria uma homenagem à altura do que eu entendo como a maior voz desse país“, revela.
O trabalho como psicólogo.
Além de intérprete, Carlos é psicólogo formado e atua há 18 anos na profissão com atendimentos particulares em seu consultório. O artista revela que o desejo de estar nos palcos nasceu primeiro que a vontade de ser psicologo, mas afirma que as duas profissões surgiram de forma muito natural em seu caminho.
“Atuar foi um desejo de criança. Em sala de aula, um professor de redação sugeriu que encenássemos uma peça. Achei ótima a ideia e reuni um grupo na turma onde dirigi, fiz figurinos e cenários, além de atuar também. Ali o bicho pegou! Fiquei alucinado com a experiência, eu tinha 11 anos“, relembra. Já a psicologia, como ele conta, surgiu depois: “Veio muito mais tarde, quando fui convidado para coordenar um curso de atualização na universidade Gama Filho. Ali me contrataram e decidi por outra formação“, explica.
Para o artista, ser ator e psicólogo tem suas vantagens — ele revela que, de certa forma, uma profissão completa a outra. “A formação como psicólogo auxilia na construção dos personagens, mas ainda mais no tratar com o ser humano artista. É um universo bem complexo“, diz.
Mesmo com a dupla jornada de trabalho, Carlos conta que tem sido tranquilo conciliar as profissões: “Meus pacientes adoram minha outra ‘identidade’ e torcem muito, além de muitas vezes testemunharem como expectadores“, conclui.