Candidato a prefeito teve candidatura barrada nas Eleições de 2020
Dândara Genelhú, Gabriel Maymone –
Candidato já foi denunciado por fraude e corrupção. (Reprodução)
Candidato do PSDB à Prefeitura de Ladário, Munir Sadeq Ramunieh já foi preso por tráfico de pessoas e responde processo por corrupção ativa. É o que aponta o MPF (Ministério Público Federal) em processo que corre na Justiça Federal.
Uma IPEI (Informação de Pesquisa e Investigação) aponta Munir como investigado em outras ocasiões pela prática de tráfico e exploração da prostituição.
O candidato é citado em representação pela expedição de mandado de busca e apreensão, além de decretação de prisão temporária. Na situação, foi investigado “desvio de conduta de alguns servidores da Receita Federal lotados na inspetoria de Corumbá”.
Os servidores são investigados por facilitar o contrabando com recebimento de propina, paga por empresas e despachantes. Nos documentos, Munir é apontado como fornecedor da parte logística de empreendimentos.
“Já foi preso em São Paulo/SP pela prática de tráfico ilícito de entorpecente, bem como pela prática de tráfico internacional de pessoas e exploração da prostituição”, afirma o documento.
Além disso, descreve que as finanças do candidato são movimentadas pelas práticas ilícitas. “Considerando-se as atividades de Munir indicam que a família obtém grande parte de seus rendimentos a partir da exploração da prostituição, organizada de modo articulada e sedimentada como verdadeira organização criminosa”, diz o trecho da IPEI.
O Jornal Midiamax acionou o candidato para posicionamento, por meio de mensagens devidamente documentadas e número registrado junto à Justiça Eleitoral. Até a publicação desta matéria não houve manifestação. Contudo, o espaço segue aberto para esclarecimentos da parte citada.
Candidatura barrada em Ladário
Nas últimas eleições municipais, em 2020, o candidato tentou concorrer ao pleito. Contudo, foi barrado pela Justiça Eleitoral.
O TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul) impugnou a candidatura de de Munir Sadeq Ramunieh (MDB) à prefeitura de Ladário, cidade a 426 quilômetros de Campo Grande. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pediu a impugnação.
A denúncia apontou que Munir Sadeq Ramunieh não se desincompatibilizou junto à empresa Auto Posto Ladário Ltda. Acontece que ele era proprietário do estabelecimento e deveria ter se afastado dentro de um período de seis meses anterior ao pleito.
Além disso, a empresa de Munir tinha contrato para o fornecimento de combustível a secretarias e fundações do município, celebrado em março de 2020 e têm prazo de vigência de 12 meses.
Réu por corrupção e bens bloqueados
Em 2016, o Ministério Público Federal em Corumbá denunciou Munir e outras 31 pessoas por participação num esquema de importações e exportações ilegais de produtos através da fronteira do Brasil com a Bolívia. O prejuízo aos cofres públicos, em tributos sonegados, segundo o MPF, supera R$ 600 milhões.
A trama foi descoberta por meio da Vulcano, operação da Polícia Federal, deflagrada em novembro de 2008, oito anos atrás e era praticada nas cidades de Corumbá (MS) e de Cáceres (MT) e contou com a participação de empresários, despachantes aduaneiros, operadores financeiros e servidores da Receita Federal.
Um ano antes, em 2015, Munir teve R$ 34.929 em bens bloqueados após decisão judicial. O ex-vereador do município foi acusado de enriquecimento ilícito. Na época, o MPMS denunciou os parlamentares e ex-vereadores por improbidade administrativa por suposto esquema de viagens inventadas para recebimento de diárias em quase R$ 500 mil distribuídos entre eles.
CPI sobre tráfico de pessoas
Quando tentou o Executivo de Ladário em 2012, o ex-vereador Munir Sadeq Ramunieh foi convocado para depor em duas CPIs na Câmara dos Deputados, em Brasília. O deputado federal paraibano da época, Luiz Couto (PT), fez as convocações.
As comissões investigaram o “tráfico de pessoas no Brasil, suas causas, consequências e responsáveis no período de 2003 a 2011”.
Entre os anos de 2003 e 2006, Munir Sadeq Ramunieh manteve uma casa noturna em Corumbá e, com isso, se tornou alvo de investigações feitas pela Polícia Federal e Ministério Público Federal, que apuram o enriquecimento ilícito dele e da família, e da Câmara dos Deputados, que quer saber se há envolvimento dele com a exploração da prostituição, tráfico de pessoas e exploração sexual de menores.