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Campanha da Lay’s utiliza IA para expor discurso de ódio que atinge mulheres na mídia esportiva

Campanha da Lay’s utiliza IA para expor discurso de ódio que atinge mulheres na mídia esportiva

A crescente presença feminina na cobertura esportiva, em especial nas transmissões ao vivo de futebol, é fenômeno ainda recente, mas que veio para ficar.

Enquanto muitos celebram as conquistas das profissionais mulheres na mídia esportiva, não são poucos aqueles que demonstram aversão a essa evolução da indústria, que busca se adaptar aos novos tempos e promover a inclusão de um gênero que representa mais da metade da população brasileira.

A Lay’s, marca da Frito-Lay, subsidiária da PepsiCo, aproveitou o clima de debates em torno do mês da mulher, celebrado em março, para realizar um experimento social que teve por objetivo expor o discurso de ódio a que estão submetidas as profissionais femininas da mídia esportiva brasileira.

A iniciativa, que foi idealizada pela agência AlmapBBDO, convidou a jornalista Elaine Trevisan para comentar amistoso entre as seleções masculinas de Espanha e Brasil, realizado no dia 26 de março. A participação dela foi ao vivo em rádio, com transmissão no YouTube.

O público que acompanhava a live, porém, não fazia ideia de que uma mulher estava comentando, já que a jornalista teve sua voz alterada com o uso de Inteligência Artificial (IA) para se tornar igual à de um homem, que se apresentava aos ouvintes como Elias Taverins.

A revelação veio apenas dias depois, em um vídeo divulgado nas redes sociais, no qual Elaine explicou o objetivo do experimento.

Eu não sou Elias. Eu sou Elaine Trevisan, jornalista há 14 anos, e Lay’s me convidou para fazer um experimento social em uma partida de futebol essa semana. Analisando os comentários nas redes sociais sobre a transmissão do Elias, deu para perceber que não teve muita gente criticando, como acontece usualmente quando estou como comentarista. Estamos aqui hoje para defender que seja assim que nós, mulheres, sejamos tratadas em transmissões esportivas e, claro, também fora delas. Sem que nos desmereçam ou invalidem por sermos mulheres falando de futebol. Porque a gente sabe muito, tá?

Elaine Trevisan, jornalista esportiva

Além de atuar como comentarista, a profissional já trabalhou como repórter ou narradora em diversos canais como Rede Vida, FPF TV, CBF TV, ESPN e a antiga Fox Sports.

Ofensas e ameaças

Em entrevista à Máquina do Esporte, Elaine comentou sobre os recorrentes ataques machistas que costuma receber, pelo fato de ter escolhido trabalhar no universo esportivo.

“Já recebi desde ameaça até os mais clichês como ‘volta para cozinha’, ‘futebol não é lugar de mulher’. Acho que o mais agressivo que recebi, um dia, foi um perfil que se deu o trabalho de descrever como eu deveria ser torturada antes de morrer. E ele fez questão de dar atenção a cada parte do meu corpo”, afirmou a jornalista.

Na visão de Elaine, uma questão importante levantada pelo experimento da Lay’s é o quanto as pessoas (os homens, em especial) normalizam a esse tipo de violência.

“Depois da campanha, muitos amigos meus (homens) perguntaram: ‘Mas isso é todo jogo?’. Respondi que sim. E eles falaram: ‘Absurdo você ser agredida todo dia no trabalho, e o pior, saber que vai sofrer isso, não importando como seja seu desempenho’”, disse a profissional.

“Para as mulheres que trabalham com a comunicação esportiva, o resultado não foi surpreendente, foi doloroso”, lamentou Elaine.

“Lay’s propôs essa ação em conjunto com Elaine para darmos uma dimensão mais palpável a um problema que as mulheres enfrentam todos os dias, dentro e fora do futebol. Escolhemos o esporte favorito do Brasil, que deveria ser inclusivo para todo mundo, para promover, acima de tudo, uma conversa sobre o respeito a todas as pessoas”, explica Simone Simões, diretora de marketing da PepsiCo.

Nos últimos anos, a marca tem feito investimentos estratégicos na inclusão de gênero no futebol, que vão desde patrocínios a equipes e competições femininas, até ativações visando promover a presença de profissionais mulheres na mídia, como em 2018, quando realizou a disputa denominada “A Narradora Lay’s”, a fim de escolher uma profissional para comandar a transmissão da decisão daquela temporada da Champions League, no antigo canal Esporte Interativo (essa seleção teve Elaine como uma das finalistas).

Entre as mais recentes ações da marca voltada à inclusão no futebol está a aquisição dos naming rights da Saudi Women Premier League, a Liga Saudita de Futebol Feminino. O contrato, assinado em novembro de 2023, tem três anos de duração.

Fonte

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