Categoria está há mais de 130 em paralisação Cerca de 450 auditores-fiscais da Receita Federal participam, nesta terça-feira (dia 15), de um ato em frente ao Ministério da Fazenda, em Brasília. Com mais de 130 dias em greve, os servidores buscam a reabertura da mesa de negociação temporária da categoria, junto ao Ministério de Gestão e Inovação (MGI).
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Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindfisco), “todas as outras categorias do serviço público federal puderam discutir a recomposição das perdas inflacionárias em seu vencimento básico, acumuladas desde 2016, menos os Auditores-Fiscais da Receita Federal”.
– Temos pressa para retornar ao trabalho, pois são evidentes os impactos na economia brasileira e não queremos que mais externalidades negativas ocorram. Até a própria administração da Receita Federal já compreendeu a gravidade da situação, mas esperamos mais empenho do Ministério da Fazenda para pressionar o MGI a cumprir o que foi acordado com o Sindifisco Nacional e negociar a recomposição das perdas acumuladas– disse o presidente do sindicado, Dão Real, ao EXTRA.
Especialista avalia impacto do movimento
Os auditores da Receita Federal, que estão em greve desde novembro do ano passado, encerraram na última semana o movimento “desembaraço zero”. A operação-padrão iniciada em novembro de 2024 já gerou perdas estimadas em R$ 14,6 bilhões em arrecadação até março de 2025.
Projeções apontam que, mantido o ritmo, os prejuízos podem ultrapassar R$ 40 bilhões até dezembro, destaca o especialista em comércio exterior Jackson Campos. Ele afirma que os impactos serão cada vez maiores se a greve persistir durante o ano.
– A operação ‘Desembaraço Zero’, que suspendeu liberações por 15 dias em fevereiro, travou mercadorias de setores estratégicos como farmacêutico e automotivo. Mais de 600 mil remessas foram retidas, aumentando os prazos de liberação de um para até sete dias, mesmo em cargas prioritárias. A cada dia parado, empresas acumulam custos logísticos extras; estima-se aumento de até 2,1% no valor final dos produtos.
No CARF, cerca de R$ 51 bilhões em processos tributários seguem sem julgamento, agravando a insegurança jurídica. A desorganização da cadeia de suprimentos poderá gerar desabastecimento e repasses inflacionários ao consumidor, reafirma Campos.
– O Brasil também perde atratividade internacional: com aduanas mais lentas que Chile e Colômbia, investimentos tendem a ser redirecionados. O risco fiscal se intensifica, ameaçando o déficit zero. A greve, se prolongada, transformará um colapso pontual em uma crise estrutural no comércio exterior brasileiro.
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