A deputada estadual Lia Nogueira (PSDB) apresentou nesta terça-feira (12) moção de repúdio contra os vereadores que usaram de falas machistas na última semana contra mulheres na política em Mato Grosso do Sul. Todos os deputados aprovaram e assinaram a moção.
“Violência de gênero na política existe, sim. Não é ‘mimimi’, não é coisa de direita ou da esquerda. Somente ontem tiveram esses dois casos, da prefeita de Naviraí e da vereadora em Cassilândia. São coisas inadmissíveis, que não podemos tolerar. Venho do parlamento municipal e sei como é”, disse Lia Nogueira.
Nesta semana, a Casa vota o Projeto de Lei nº 029/2022, que cria o Estatuto da Mulher Parlamentar e Ocupante de Cargo ou Emprego Público, no âmbito do Estado de Mato Grosso do Sul. A proposta é da deputada Mara Caseiro (PSDB).
‘Burra’, ‘usa a língua’ e ‘menina’
Ao menos três ofensas foram proferidas contra políticas mulheres em Mato Grosso do Sul na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, todas noticiadas pelo Jornal Midiamax.
Na semana passada, uma vereadora foi xingada de ‘burra’ durante a sessão na Câmara de Guia Lopes da Laguna, distante 231 quilômetros de Campo Grande. Na ocasião, a única vereadora da Câmara da cidade, Débora dos Santos Barbieri Pereira (PRD), usa a tribuna da Casa de Leis e, ao terminar o pronunciamento, é chamada de burra pelo vereador Daniel Antônio da Silva, conhecido como Daniel Enfermeiro (PSDB).
Na segunda-feira (11), o vereador de Naviraí, Antonio Bianchi (Podemos), chamou a prefeita Rhaiza Neme (PSDB) de “menina” e afirmou que “ela não está dando conta”. Durante o uso da Tribuna na sessão desta segunda-feira (11), o parlamentar disse: “Empurraram essa menina lá, mas ela não está dando conta”. Logo em seguida, questiona: “Se um homem com experiência já não dá conta de uma cidade, imagina uma menina. O que ela vai fazer?”
Em Cassilândia, cidade a 437 km de Campo Grande, o presidente da Casa, Arthur Barbosa (União Brasil), recomenda que a vereadora Sumara Leal (PDT), ‘use o corpo para trabalhar, assim como usa a língua’. A parlamentar afirma que foi vítima de machismo e humilhação, enquanto o vereador diz que falas foram mal interpretadas.