O app de relacionamento Grindr está sendo processado no Reino Unido por supostamente compartilhar dados sensíveis de usuários com anunciantes. A ação foi aberta no Supremo Tribunal da Inglaterra nesta segunda-feira (22).
De acordo com o escritório de advocacia Austen Hays, que representa os reclamantes, pelo menos 670 pessoas tiveram seus dados disponibilizados pela plataforma para terceiros sem qualquer consentimento. No entanto, o número real de usuários impactados pode chegar a milhares de cadastrados.
O Grindr possui cerca de 13 milhões de usuários mensais, globalmente.Fonte: Getty Images/Reprodução
Na ação, os autores alegam que o compartilhamento ilegal de dados do app de namoro focado no público LGBTQ+ teria ocorrido antes do dia 3 de abril de 2018 e entre os dias 25 de maio de 2018 e 7 de abril de 2020. As empresas Apptimize e Localytics são citadas como as destinatárias das informações vazadas.
Ainda conforme o processo, o Grindr teria disponibilizado detalhes como a orientação sexual, etnia, data do último teste de HIV, o status de HIV da pessoa e a localização, violando a lei de proteção de dados do Reino Unido. Essas informações seriam utilizadas para a exibição de anúncios personalizados.
Grindr nega a prática
Sobre a ação que acaba de ser iniciada no tribunal britânico e que pode render milhares de libras para os autores, por danos, o app de relacionamento disse que as alegações são baseadas em uma “descaracterização de práticas de mais de quatro atrás”. A empresa também afirmou que leva a privacidade “extremamente a sério”.
“Estamos comprometidos em proteger os dados de nossos usuários e em cumprir todas as regulamentações de privacidade de dados aplicáveis, inclusive no Reino Unido”, comentou um porta-voz da plataforma, em comunicado reproduzido pela Reuters. Já as empresas Localytics e Apptimize não se pronunciaram.
Vale lembrar que o Grindr foi denunciado pela prática em 2018 e alterou sua política de privacidade em seguida, como lembra o The Register. Na ocasião, a companhia disse que não vendia os dados confidenciais alegados, mas recebeu multa de € 6,3 milhões (R$ 34,6 milhões pela cotação atual) por violar o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados da União Europeia (GDPR).