Fui campeão! E agora?
Nos últimos jogos e títulos do Flamengo, Real Madrid, Bayern de Munique e Palmeiras, vimos equipes campeãs que chegaram ao topo, mas não se deixaram consumir pela vaidade ou pelo conformismo de levantar um troféu. O desafio de manter uma equipe motivada e engajada, seja no esporte ou no mundo corporativo, após grandes conquistas e metas atingidas, é constante. A preocupação é evitar que a equipe se acomode. Vivi por muitos anos em equipes vencedoras e entendi que elas não agem apenas em busca do resultado. Elas se guiam por sua postura e pelo compromisso de respeitar os valores e a cultura do time ou da empresa.
A cultura, quando bem estabelecida e protegida por todos, é um dos fatores fundamentais para manter o desejo de vitória. No futebol, por exemplo, não há um único líder; há os dirigentes, o treinador e os líderes dentro da própria equipe. Quando todos defendem os valores e a cultura, as ações não dependem da posição no pódio. Esses valores são inegociáveis.
A busca pela vitória envolve disciplina, ousadia e compromisso em ser dominante, independentemente do placar ou do momento. O Real Madrid, por exemplo, busca sempre dominar o jogo, independentemente de estar ganhando ou perdendo. Esse compromisso com o desempenho se aplica igualmente nas empresas: não importa se as metas foram batidas ou não; o comportamento e o comprometimento com o que foi combinado devem prevalecer. No Real Madrid, os jogadores frequentemente mencionam a força e o peso da camisa que vestem. Essa cultura vencedora é algo respeitado e relembrado constantemente, levando a equipe a buscar o próximo desafio logo que um troféu vai para a estante.
Outro fator importante é a concorrência interna, que deve existir em qualquer ambiente de trabalho. Quando bem ajustada e respeitosa, ela eleva o nível de todos. Alguns treinadores evitam elencos com muitas estrelas, mas, na minha opinião, quanto mais talento, mais intenso será o treinamento e, naturalmente, o desempenho nos jogos. Nos times com grande qualidade, os treinamentos exigem o máximo de cada jogador, pois todos querem competir e vencer, o que reflete na preparação para o jogo. Após uma temporada de sucesso, buscar sempre novos talentos que estejam ao alcance é essencial para que aqueles que já estão no time continuem se aprimorando e não se acomodem.
A cultura e a concorrência interna extraem o melhor dos integrantes, trazendo uma consciência importante: ninguém estará ali para sempre. Assim como um jogador de futebol raramente veste a mesma camisa a carreira inteira, em qualquer trabalho a permanência é temporária. O legado que alguém deixa é construído diariamente e, ao final, será lembrado pelo impacto positivo que causou. Por isso, todos os dias são uma oportunidade de construir esse legado.
A empresa ou o time deve ser ainda mais vitorioso após a partida de algum integrante. Essa foi a mentalidade que adotei na minha carreira. Quando me aposentei em 2022, entreguei uma camisa com 12 títulos a mais do que quando a recebi em 2016. Esse sempre foi o meu objetivo. Esse é o poder da cultura vencedora.
Independentemente dos resultados de hoje, seu cargo deve ter mais conquistas quando você o entregar a alguém. Viva com essa mentalidade e esse objetivo. Assim, você construirá uma carreira vencedora e será lembrado para sempre. Essa é a mentalidade de um verdadeiro campeão.
Diego Ribas é ex-jogador de futebol, com passagens por Santos, Flamengo, diversos clubes europeus e seleção brasileira. Atualmente, é palestrante, comentarista, apresentador do PodCast 10 & Faixa, garoto-propaganda de empresas como Genial Investimentos, Adidas, Colgate e Solides, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte
