A sonda Juno visitou a lua Europa já fazem quase dois anos, mas as imagens feitas são investigadas até hoje e ainda possuem muito a revelar. Agora, pesquisadores apontaram que parece que “algo” se agita abaixo do gelo.
Acredita-se que abaixo da crosta congelada da Europa, exista um oceano de água líquida que desperta o interesse dos cientistas planetários para estudar a composição dele. Apesar de ser surpreendentemente intrigante, a lua ficou muito tempo sem ser visitada, a sonda Galileo se aproximou da lua em 2000 e depois disso o satélite voltou a receber visitas de espaçonaves humanas somente em setembro de 2022, com a Juno.
Para quem tem pressa:
- Apesar de Europa ser considerada um objeto liso, ela possui algumas fissuras;
- Essas fissuras se dão por causa de tensões criadas entre o movimento do oceano líquido subterrâneo e a crosta congelada;
- Nas observações da Juno foi possível mapear as rachaduras em parte da lua, revelando informações interessantes.
Europa é o objeto mais liso do Sistema Solar, no entanto, ela apresenta depressões íngremes que podem atingir entre 20 a 50 quilômetros de largura. Apesar de sua superfície ser constantemente renovada pelo seu oceano interno, sua concha congelada e núcleo rochoso estão desassociados, resultando em uma deriva polar e a padrões de ruptura.
Acredita-se que a tensão se dê porque o oceano líquido impulsionado pelo aquecimento dentro do núcleo rochoso está se movendo em uma velocidade diferente da crosta congelada. Essas interações fazem com que regiões de gelo da superfície estiquem e se comprimam, criando fissuras e cristas na superfície da Europa.
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A Juno mapeou algumas das fissuras na lua
Essas fissuras já foram observadas desde quando a lua foi visitada pela sonda Voyager 2, mas com a Juno foi a primeira vez que as fissuras no Hemisfério sul são mapeadas, mostrando que a deriva polar é mais extensa do que se pensava.
Além disso, outra coisa chamou atenção dos pesquisadores, algo que eles chamam de ornitorrinco. Uma mancha parecida ao animal é formada por cristas que parecem desmoronar, acredita-se que devido a bolsas de água gelada que parcialmente penetram a crosta congelada, além de manchas escuras que podem ter se formado a partir de atividade criovulcânicas.
Essas características observadas pela Juno são particularmente interessantes de serem estudadas pela missão Europa Clipper, a ser lançada em outubro. Além disso, a atividade criovulcânica permitirá que amostras do interior da lua sejam capturadas através de uma pluma, sem a necessidade de perfurar sua crosta congelada.