
Edição comemorativa de 40 anos coloca músicos periféricos em diferentes palcos e entra em contagem regressiva Que o Rock in Rio leva artistas oriundos de periferias do Brasil para os seus palcos não é novidade. O Espaço Favela, por exemplo, que já se consolidou no evento, existe desde a edição de 2019. Mas, desta vez, na celebração pelos 40 anos do festival, essa representatividade tem um gosto especial para esses artistas. Xande de Pilares é um deles. O sambista carioca faz sua estreia como atração do evento, e ainda com o título de embaixador do Espaço Favela.
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— Enxergo isso como uma responsabilidade enorme de representar o gueto, a favela, o morro, o subúrbio, as escolas de samba… Não é um show comum em que você sobe no palco só para cantar. Vai muito mais além disso! Vai ser uma experiência magnífica — aposta Xande, que deu um depoimento forte e emocionante sobre essa presença da música periférica no Rock in Rio para o EXTRA, que você pode ler aqui na página.
Além do sambista, Pocah e Criolo também nos escreveram. E de hoje, quando estamos a exatos três meses da estreia do Rock in Rio 2024 (que vai de 13 a 22 de setembro), até dias antes do início do festival, você vai acompanhar aqui no EXTRA depoimentos de outros artistas nacionais que são crias de favelas e periferias do país confirmadíssimos no line-up.
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Uma das novidades desta edição comemorativa é a existência de um dia inteiramente dedicado à música brasileira, inclusive no Palco Mundo. Portanto, vai ter samba, pagode, trap, rap e funk, sim, no Parque Olímpico! Cria do Morro do Turano, na Tijuca, Xande vibra ao ver cada vez mais ritmos chegando ao evento, bem como outros artistas que, como ele, se orgulham de suas origens e batalharam muito para chegar ao palco de um dos maiores festivais do mundo.
— As pessoas que vão ao evento assistem a todo mundo, não só um artista. E o Rock in Rio tem uma grandeza mundial, vários artistas internacionais se apresentam também. Para mim, o convite para estar nesta edição foi como se eu tivesse sido convocado para a seleção brasileira! O festival é a Copa do Mundo da música, e eu sou um dos representantes da música brasileira, mais especificamente, do samba — celebra Xande, também destacando: — Ainda tem jogo para acontecer, não está ganho. Mas estou aqui!
O “maior encontro do universo”, como o festival descreve a edição deste ano, abre espaço para artistas que nasceram, foram criados ou começaram suas carreiras em periferias do Brasil não só no Espaço Favela, mas também em outros palcos. O Sunset, por exemplo, receberá nomes como Rebecca, nascida no Morro São João, e MC Daniel, de Taboão da Serra. E o Mundo, que terá entre as atrações Ludmilla, que é do Parque Lafaiete, em Caxias, e Cabelinho, cria do Pavão-Pavãozinho.
Xande de Pilares: do Turano para o mundo
O sambista, de 54 anos, canta nos dias 19 e 21 de setembro
O cantor Xande de Pilares
Leo Martins/Agência O Globo
“Eu nunca me apresentei antes no Rock in Rio, é a primeira oportunidade que estou tento com essa edição. Poder representar toda a minha trajetória, o povo da periferia no Espaço Favela, em um evento tão grande e de proporção mundial como esse dá um pouco de frio na barriga. Embora eu goste bastante de desafios, envolve ainda muito preconceito. As pessoas, às vezes, não conseguem entender que a música tem que prevalecer, independentemente do segmento, do ritmo que é. Hoje vejo a música brasileira sendo prestigiada no festival. O samba, por exemplo, praticamente faz parte dos morros e das favelas, e agora está no Rock in Rio! É motivo de muito orgulho! Estou tão feliz que estou preparando um show para não passar batido. Sou muito grato pela oportunidade e ao Alexandre Silva de Assis do passado, que persistiu e resistiu sem perder a fé, nem passar por cima de ninguém. É o que eu procuro passar para todos os meninos que ainda continuam no morro, tocando seus cavaquinhos, pandeiros e tantãs, fazendo suas rimas, cantando samba, rap, trap ou funk. A favela está cada vez mais mostrando a força”.
Pocah: essa cria de Caxias é braba!
A cantora de 29 anos solta a voz no dia 20 de setembro
A cantora Pocah
Divulgação/David Aldea
“Esse show é uma vitória! Da Pocah, da MC Pocahontas e da Viviane. Uma vitória da cria de Campos Elíseos, em Caxias, que fazia shows quase sem nenhum cachê só para viver o sonho de ser cantora. É uma vitória do funk, que não só realizou esse sonho como deu o sustento da minha família. Vitória da mulher que veio da favela, teve sua arte desmerecida várias vezes e até hoje precisa lutar para ocupar espaços. Nunca achei um sonho distante cantar no Rock in Rio, pois sei que tenho total competência. Mas eu achava que era difícil os outros me enxergarem. Já fiz algumas ações no festival, mas é a primeira vez que me apresento como atração oficial! Fiquei muito honrada pelo reconhecimento do meu trabalho. Tenham certeza de que vou entregar o melhor show da minha vida, o mais produzido da carreira. Vai ter a minha essência, surpresas especiais, vai ser divertido, como tudo que sempre fiz, mas em escala maior! É uma oportunidade de ousar e surpreender. Finalmente esse momento chegou. Nos vemos em setembro, quando vou estar no Espaço Favela e calar a boca de todos que disseram que eu não conseguiria”.
Criolo: rap da periferia de São Paulo presente
O cantor de 48 anos é atração do dia 21 de setembro
O cantor Criolo
Lucas Tavares/Agência O Globo
“Tive a felicidade de já ter cantado no Rock in Rio e isso me marcou muito, foi um momento único na carreira. Retorno agora participando de um grupo com vários MCs em um show especial. Vamos nos reunir, ensaiar, criar… É bom demais saber que isso é possível, saber que saí lá do Grajaú (Zona Sul de São Paulo)… O artista brasileiro é único, mesmo com todas as dificuldades do ponto de partida de cada um, o que faz muita diferença. Mesmo em uma luta contra tudo e todos, por muitas vezes sendo desacreditado, humilhado, pisado, se questionando, chorando no processo, é bom saber que é possível. Quando um artista de periferia chega, ele conta sobre sua localidade, suas histórias, mas é importante enfatizar: ele é um artista do mundo. Traz toda a sua potência criativa, bagagem cultural e se expressa. Essa plataforma internacional que é o Rock in Rio é mesmo um sonho que se conquista, é inspirador. Tenho muita gratidão por mais uma vez ser convidado para fazer parte dessa história de um dos maiores festivais do mundo. Vai ser um show incrível em um dia totalmente dedicado a artistas brasileiros”.
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