Projeto de ONG tira 5.654 toneladas de resíduos de manguezais da Baía de Guanabara O período de defeso do caranguejo-uçá chegou ao fim na Região Sudeste e, no Rio de Janeiro, um grupo de pescadores e catadores de caranguejo garantiu um ambiente mais livre para o desenvolvimento do crustáceo e mais seguro para os trabalhadores no retorno à captura. Liderados pelo Projeto UÇÁ, iniciativa da ONG Guardiões do Mar, com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, eles retiraram 5.654 toneladas de resíduos sólidos de manguezais da Baía de Guanabara, através da Operação LimpaOca.
A ação, que se iniciou em 19/10 e se estendeu até 18/01/24, foi realizada na Área de Proteção Ambiental de Guapimirim, na Baixada Fluminense, e envolveu 30 catadores e pescadores, associados à Associação de Pescadores de Itambi (Acapesca). Os resíduos foram coletados em uma área de aproximadamente 12 hectares. Essa é a oitava edição da força-tarefa, que contou com grande adesão feminina.
Uma das participantes da ação foi a pescadora Rita Duarte, de 67 anos. Ela foi uma das 14 mulheres que se juntaram à força-tarefa. Filha e neta de pescadores, sempre foi apaixonada pela pesca, e acompanhava o marido pescador no tempo livre de trabalho dela. Foi só em 2020, após se aposentar de seu ofício em uma escola, que começou a trabalhar definitivamente na pesca. Agora também luta, com o companheiro e a filha, por rios e manguezais mais limpos, participando pela terceira vez da Operação LimpaOca.
— Após participar da Operação, não conseguimos mais ver lixo, que logo queremos catar – brinca Dona Rita. — A forma como somos tratados durante as atividades, com cuidado e segurança, e toda a dedicação da equipe me encantaram e me motivaram a participar — completa.
Ao incentivar a participação de mulheres na Operação LimpaOca, pela qual podem contribuir com o meio ambiente e melhoria de seu próprio espaço de trabalho, além de obterem uma renda extra, o Projeto UÇÁ, também atende ao ‘Objetivo 5 – igualdade de gênero: Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas’, da agenda da ONU para o Desenvolvimento Sustentável (ODS).
— Essa é a primeira vez em toda a história da Operação LimpaOca que temos uma quantidade tão expressiva de mulheres. Esse número dobrou em comparação a edições anteriores e tivemos quase metade do nosso corpo de trabalho feminino. Nós percebemos que elas vão à luta, mostram que não são frágeis como muitos pensam. Pegam peso, entram em lugares difíceis, atravessam a lama, enfrentam os maruins… — destaca a coordenadora-geral do Projeto UÇÁ, Janaina Oliveira.
O plástico lidera a lista
Os profissionais engajados na atividade receberam uma bolsa-auxílio mensal, por três meses, para coletar os resíduos durante duas manhãs semanais. Além da renda, outra vantagem para esses trabalhadores, conforme o presidente da ONG Guardiões do Mar, Pedro Belga, é que agora, após o período de defeso, eles poderão voltar a trabalhar com mais segurança nos manguezais, devido à retirada de materiais como ferro, seringas, vidros e diversos objetos cortantes, que podem ocasionar graves acidentes.
— A retirada dos resíduos aumenta ainda o espaço livre para que mudas de mangue se estabeleçam e não tenham que competir por espaço com os resíduos sólidos, proporcionando o crescimento de novas árvores, cujas folhas são o principal alimento do caranguejo-uçá, que, por sua vez, terá espaço para a construção de suas tocas — explica Janaina Oliveira.
O plástico continua na lista de resíduos mais encontrados. Entre os materiais coletados mais pesados, por exemplo, ele ocupa a liderança absoluta. Outro dado que impressionou os especialistas do Projeto foi a quantidade de isopor, que apesar de leve, ocupou o 5º lugar no ranking dos resíduos com mais peso.
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