Em algum momento na sua existência, seja na escola, igreja ou em lucubrações pessoais, a grande pergunta sobre a vida, a verdade e o universo já pode ter apresentado a você: como a vida surgiu na Terra?
Uma pequena coleção de átomos se reuniu e por meio de um impulso gerador, seja divino ou científico, a vida se fez. Mas qual é exatamente a receita para essa combinação catártica?
Fato é, que todas as explicações tem seus prós e contras, sendo algumas mais críveis que outras. Saiba mais sobre como a entropia poderia ter um papel fundamental para existência vida na Terra e uma teoria bastante peculiar.
Mitologias, ciência, geração espontânea, muitas são as teorias na corrida pela resposta à pergunta de ouro do universo.Fonte: Getty Images
Um pouco de entropia e voilà, vida no universo
Em 2014, Jeremy England, então professor assistente do departamento de Física do MIT (Massachusetts Institute of Technology) desenvolveu uma teoria a respeito do papel da entropia no surgimento da vida.
Segundo sua teoria e seus cálculos, uma distribuição “equilibrada” da entropia agindo com uma certa constância sobre um conjunto de átomos, poderia ser o motor de ignição da vida.
Esse equilíbrio entre dissipação e absorção de energia poderiam ser os impulsionadores para uma organização atômica exata.Fonte: Getty Images
A taxa de dissipação desse sistema em conjunto com a fonte externa de energia, como o Sol, por exemplo, poderiam gerar uma ordenação dessas moléculas, desencadeando processos que levaria à vida.
Em seu artigo publicado na Physical Review Letters, ele descreve o processo de auto-organização desses átomos e sobre como a entropia teria um papel fundamental para que a vida seja possível.
Importante lembrar que a entropia relatada por England se refere ao seu conceito “puro” relativo à termodinâmica, onde a entropia é a grandeza que mede o grau de desordem das partículas em um sistema.
Ela também mede o grau de aleatoriedade do sistema, até que esse chegue a um estado de equilíbrio termodinâmico, cedendo calor para o meio.Fonte: Getty Images
É importante fazer essa diferenciação, pois algumas outras ciências emprestaram o termo físico, dando outros significados para essa grandeza, o que pode gerar alguma confusão, dependendo do que você entende por entropia.
Em uma entrevista para a Quanta Magazine, England fez uma “piada” sobre sua teoria, dizendo que “se você iluminar por tempo suficiente um conjunto randômico de átomos, não seria de se espantar que obtivéssemos uma planta algum dia.”
Por enquanto, não temos novidades sobre sua teoria, mas a entropia continua sendo alvo de estudo, avaliando quais outras interações atômicas e celulares podem se beneficiar ou surgir através da sua ação.
E do nada, tudo se criou
Talvez você fique surpreso, mas não estou falando de mitologia cristã ou de outras mitologias criacionistas. Uma ideia peculiar surgiu muitos séculos atrás através da observação de fenômenos da natureza, ou da má higiene.
A famosa teoria da geração espontânea, ou abiogênese, é uma teoria cuja premissa diz que matéria inanimada é capaz de gerar vida. E Aristóteles era defensor dessa ideia. Segundo essa teoria, trapos velhos seriam capazes de gerar ratos, pedras poderiam gerar cogumelos, moscas surgiam de carne podre e assim por diante.
“O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa tudo o que diz”, contudo, aparentemente, Aristóteles pensou equivocadamente.Fonte: Getty Images
Todavia, hoje sabemos que isso não é possível e por garantia, cuidado com o pó embaixo do seu sofá, no entanto, se ainda assim você quiser testar de modo mais efetivo a abiogênese, esqueça comida ou pratos sujos sob a pia. Em dois dias você vai ter uma surpresa.
Superada a piada, hoje tem-se que esses fenômenos, aparentemente críveis para a época, estão mais relacionados à existência de pequenas interações entre os seres vivos, seus hábitos reprodutivos e a busca por alimento.
Você pode até imaginar que a teoria da entropia proposta por England também apresente um fundo abiogênico, no entanto, sua proposta atua diretamente no que nos forma como seres, sejam animados ou inanimados, o ingrediente essencial de todos, os átomos.
Em algum momento na história do universo uma pequena célula evoluiu e mutou, gerando todo ser vivo que conhecemos.Fonte: Getty Images
Por isso, além de uma fonte energética exterior, também teríamos que ter o conjunto atômico certo, que se ordena espontaneamente em vida. Entretanto, em um campo um pouco mais organizado e previsível, a biologia também estuda a biogênese, onde o mundo vivo é originário de outros seres vivos e suas evoluções ao longo dos milênios.
Mas as teorias e campos não param por aí. Diversos ramos científicos fazem interface nessa questão fundamental, mas ainda não há uma teoria forte suficiente que descreva onde a pedra fundamental da vida foi lançada.
Estudos como o de Jeremy England, dentre tantos outros pesquisadores, tem apenas arranhado a intrincada questão fundamental sobre como a vida surgiu e o motivo pelo qual apenas nosso planetinha azul parece ter sido agraciado com ela.
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