20 funcionários são demitidos após paciente morrer na espera em UPA no Rio

Após um homem morrer sentado esperando por atendimento em uma UPA no Rio, 20 funcionários são demitidos

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) demitiu 20 funcionários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, após a morte de José Augusto Mota da Silva, de 32 anos. O artesão faleceu enquanto aguardava atendimento na última sexta-feira (13). Entre os demitidos estão quatro médicos, além de enfermeiros, recepcionistas e porteiros. A decisão foi acompanhada pela abertura de uma sindicância para apurar o ocorrido. “É inadmissível que não tenham percebido a gravidade do caso”, declarou o secretário de Saúde, Daniel Soranz, reforçando a seriedade da situação.

CASO REVOLTOU O PAÍS

José Augusto chegou à UPA às 19h40, queixando-se de fortes dores e vômitos. Segundo seu amigo e porteiro, Douglas Batista da Silva, que o acompanhava, o caso parecia urgente. No entanto, a triagem só foi realizada às 20h30, e o óbito foi confirmado às 21h, conforme consta na declaração oficial. A demora no atendimento foi criticada por Douglas, que descreveu a situação como “absurda”. A imagem do artesão morto em uma cadeira da sala de espera viralizou nas redes sociais, gerando indignação e mobilização popular.

O artesão morava no Rio desde 2012, onde dividia seu tempo entre a venda de artesanato nas praias e o trabalho como garçom em um restaurante na Barra da Tijuca. Recentemente, enfrentava dificuldades financeiras e chegou a viver nas ruas de Copacabana. Nos últimos meses, estava morando sozinho em Rio das Pedras, após o término de um relacionamento. Para amigos e moradores da região, sua morte simboliza o descaso com a saúde pública, um problema recorrente nas UPAs da cidade.

POLÍCIA ESTÁ INVESTIGANDO

A morte de José Augusto gerou reação imediata de autoridades e instituições. A Comissão de Saúde da Câmara do Rio iniciou uma apuração sobre as circunstâncias do falecimento, enquanto o Conselho Regional de Medicina abriu uma sindicância para investigar possíveis negligências. O prazo para conclusão é de 90 dias, mas há expectativa de um resultado mais rápido, dada a gravidade do caso. A Polícia Civil também acompanha a investigação, com depoimentos já colhidos.

A comoção em torno do caso levanta questionamentos sobre a gestão da saúde pública no Rio de Janeiro. A UPA Cidade de Deus, como outras unidades do estado, já era alvo de críticas por problemas estruturais e falhas no atendimento. A demissão em massa representa um marco na busca por mudanças, mas a população segue exigindo justiça e melhorias no sistema de saúde. “Se tratava de uma emergência, e nada foi feito a tempo”, lamentou Douglas Batista.

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